É bom ler uma notícia positiva no
universo da educação. Não é que não existam muitas matérias ou experiências que
as possam inspirar. Creio que nos falta um pouco a “cultura" de valorizar e
divulgar o que corre bem. Embora se compreenda estamos quase sempre mais
direccionados para os muitos problemas e dificuldades sempre presentes no
complexo universo da educação.
Vem esta introdução a propósito
do trabalho do Público sobre a Escola Básica 123 do Curral das Freiras. Serve a
freguesia mais pobre da Madeira e em 2015 os seus alunos conseguiram a terceira
melhor média nacional no exame de Português do 9.º ano, correspondente a melhor
escola pública. Em Matemática, os resultados também foram muito bons com a
colocação em 12.º lugar do ranking entre as escolas públicas e integrando 100
melhores no ranking global.
Algumas notas breves
A associação entre os resultados
escolares dos alunos e variáveis de natureza sociodemográfica como meio social,
económico e cultural, circunstâncias de vida, estilos parentais, etc. etc.,
está estabelecida de há muito.
No entanto, também sabemos que a
escola faz, pode fazer a diferença, ou seja, o trabalho na e da escola e dos
professores é um factor significativamente explicativo do sucesso dos alunos
mais vulneráveis e capaz de contrariar o peso das outras variáveis que estão
presentes nesses alunos. Neste contexto torna-se ainda mais relevante o
trabalho realizado por alunos, professores, pais, funcionários e técnicos na
Escola Básica 123 do Curral das Freiras.
O trabalho na escola envolvendo
organização, clima e liderança por exemplo e, finalmente o trabalho em sala de
aula em que surge a diferença produzida pelo professor, pelos professores.
Quando abordo estas questões cito
com frequência uma afirmação de 2000 do Council for Exceptional Children,
"O factor individual mais contributivo para a qualidade da educação é a
existência de um professor qualificado e empenhado".
No entanto a existência de
professores qualificados e empenhados não depende só de variáveis individuais de
cada docente, decorre também de um conjunto de políticas educativas que
promovam a qualificação, a motivação e a valorização a diferentes níveis do
trabalho dos professores.
De políticas educativas que em
termos genéricos e em termos mais particulares como currículos, sistema de
organização, recursos humanos docentes, técnico e funcionários, tipologia e
efectivo de escolas e turmas, autonomia das escolas são apenas alguns exemplos
de como a diferença tem que ser construída também antes de chegar à sala de
aula.
E nesta matéria também temos
muito trabalho para realizar.
3 comentários:
Muito interessante.
Quando a Ecologia, no seu sentido mais abrangente, se aplica a um sistema, tudo faz sentido. Não há metas curriculares que perturbem o ecossistem.
No caso particular das metas curriculares (tal como estão definidas) creio e alguns estudos também o sugerem, estas são mesmo parte do problema e não parte da solução
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