Nos últimos anos era habitual
verificar-se durante as férias da Páscoa o recurso significativo aos centros de
explicações visando a “recuperação” para o terceiro período e, sobretudo, a
preparação para os exames.
Um dos efeitos colaterais da
deriva do ME relativa à avaliação externa será certamente o abaixamento da
procura destes apoios, a indústria dos exames, um interessante nicho de mercado
nos últimos anos. Há algumas semanas, logo depois do anúncio do fim dos exames
de 4º e 6º ano o DN noticiava a diminuição da procura.
Seria desejável que, para além do
cenário desenhado relativamente à avaliação externa e à sua imprescindível
estabilização, a baixa da procura das explicações externas decorresse do facto
dos alunos encontrarem nas escolas e no tempo que lá passam os “apoios”, as “explicações”
de que necessitam, os que necessitam.
Recordo o recente estudo do CNE e
da Fundação Francisco Manuel dos Santos e do CNE que evidenciava que nove em
cada dez alunos com insucesso escolar são de famílias pobres.
A ajuda externa ao estudo e como
ferramenta promotora do sucesso não está ao alcance de toda a gente pelo que é
fundamental que as escolas possam dispor dos dispositivos de apoio suficientes
e qualificados para que se possa garantir, tanto quanto possível, a equidade de
oportunidades e a protecção dos direitos dos miúdos, de todos os miúdos.
A substituição dos exames pelas
provas de aferição não altera esta necessidade imperiosa, antes pelo contrário,
torna-a ainda mais pertinente para que se possam corrigir e apoiar ao longo dos
vários ciclos as dificuldades de alunos e professores.
O abaixamento verificado na
procura talvez traduza a menor importância atribuída pelas famílias às provas
de aferição (que se realizarão este ano conforma decisão das escolas) e às suas
próprias dificuldades económicas.
As necessidades dos alunos
poderiam ser atenuadas com o recurso a professores que já estão no quadro ou
com contratos sucessivos, com prática avaliada e que continuam fora da
carreira.
De uma vez por todas, é necessário
contenção e combate ao desperdício, mas em educação não há despesa há
investimento.
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