Não podia acontecer. Como o povo
diz o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita.
Os que acompanham este espaço e o
que penso sobre a educação sabem que entendo como indispensável a avaliação
externa como também sabem que não me parece que essa a avaliação externa deva
ser realizada através de exames, sobretudo no 1º ciclo.
Apesar deste entendimento
recordarão que discordei da oportunidade e conteúdo da decisão de acabar com os
exames finais do 1ºe 2º ciclos e a introdução das provas de aferição em anos
intermédios2º, 5º e 8 anos. Não cumprem o que se espera de uma prova de “aferição”,
são mais uma prova externa de diagnóstico a meio de um trajecto de ciclo o que,
evidentemente, não é uma aferição.
Recordarão ainda que manifestei
várias vezes a estranheza pela ausência de calendário de avaliação quando estamos a terminar o
segundo período.
Hoje é conhecido que o ME, em entendimento
com a assessora de Educação do PR, Isabel Alçada, estabeleceu que as provas de aferição não serão obrigatórias para este ano sendo as escolas a decidir se as
realizam ou não.
O ME estabeleceu ainda que, se
assim o entenderem, as escolas também podem realizar os exames finais de 4ºe 6º
ano que foram abolidos.
Confuso? Não, não é confuso é “apenas”
o que não podia acontecer.
Deixando de lado o estranho
entendimento entre Belém e a 5 de Outubro esta deriva não serve o interesse da
qualidade e serenidade do trabalho de alunos e professores.
A devolução às escolas da decisão
de realizarem ou não as provas de aferição este ano bem como os finados exames
do 4º e 6º causa perplexidade.
Os finados exames são “bons” ou
não? A decisão de os abolir foi justificada (com algumas razões que me merecem
concordância) pela sua “dispensabilidade” para ser simpático. No ent6anto se as
escolas quiserem podem realizá-los. Como?! Então passam a uma boa ferramenta
educativa?!
Atribuir às escolas a decisão
relativa às provas que realizam em nome da autonomia é algo patético e um fingimento
de autonomia na medida em se estabelece que a regra é transitória. Para o ano
tudo é obrigatório (já haverá tempo para preparar) e … acaba-se a autonomia.
Dá para entender?
Não, não poderia ter acontecido
assim.
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