O consumo de diferentes
substâncias em quantidade e em grupo por adolescentes e jovens, sobretudo ao fim-de-semana, é muitas
vezes entendido e sentido como o factor de pertença ao grupo, potenciando a
escalada desse consumo, juntos bebemos ou fumamos mais do que sós, como é óbvio
e o "estado" que se atinge é sentido como um "facilitador" relacional.
Por outro lado, a acessibilidade
aos diferentes produtos não é complicada, antes pelo contrário, processa-se com
a maior das facilidades. Muitos adolescentes, ouvidos em estudos nesta matéria,
referem ainda a ausência de regulação dos pais sobre os gastos, sobre os
consumos ou sobre as horas de entrada em casa, que muitas vezes tem que ser
discreta e directa ao quarto devido ao “mau estado” do protagonista.
Como é evidente, já muitas vezes
aqui o tenho referido com base na minha experiência de contacto com pais de
adolescentes, não estamos a falar de pais negligentes. Podem acontecer
situações de negligência mas, na maioria dos casos, trata-se de pais, que sabem
o que se passa, “apenas fingem” não perceber desejando que o tempo “cure”
porque se sentem tremendamente assustados, sem saber muito bem o que fazer e
como lidar com a questão.
De fora parece fácil produzir
discursos sobre soluções, mas para os pais que estão “por dentro” a situação é
muitas vezes sentida como maior que eles.
É preciso que a comunidade esteja
atenta a estes adolescentes que logo desde os 13 ou 14 anos “acedem” às
“litrosas”, aos shots, a qualquer outro produto para fumar ou consumir e também
aos seus pais que estão tão perdidos quanto eles.
Para além da legislação de natureza proibicionista, parecem-me imprescindíveis a adequada fiscalização e a
criação de programas destinados a pais e aos adolescentes que minimizem o risco
do consumo excessivo das diferentes substâncias.
A proibição, como sempre, não
basta e se prevenir e cuidar é caro que se façam as contas aos resultados do
descuidar.
Sem comentários:
Enviar um comentário