quinta-feira, 18 de junho de 2015

O PROGRAMA DE EMPOBRECIMENTO A TEMPO INTEIRO. (Actividades de Empobrecimento Familiar)

O texto de opinião de José António Pinto no Público, “O futuro do Estado Social e os Pobres” leva-me a algumas notas,
Na verdade sucessivos indicadores apontam no sentido do sucesso do Programa que nos leva ao salvífico empobrecimento pelo que se aguarda a sua continuidade.
Na verdade, depois de décadas em que muitos portugueses não tiveram o privilégio de beneficiar das virtudes do estado de pobreza, o Programa de Empobrecimento a Tempo Inteiro tem vindo com persistência e eficiência a devolver aos portugueses a felicidade do empobrecimento e a sua salvífica condição.
Com uma invejável determinação e coragem o Governo tem conseguido transformar milhões de portugueses em pobres, há quem lhes chame, os novos pobres, pelo que o nosso índice de felicidade tem vindo a subir sustentada e estruturalmente.
É verdade que existe uma pequena minoria que tem sido inaceitavelmente discriminada, não tendo beneficiado das AEFs - Actividades de Empobrecimento Familiar, antes pelo contrário, alguns estão mesmo mais ricos. Não é justo que fiquem privados do usufruto da pobreza.
Alguns ingratos, irrealistas, mal-agradecidos, ignorantes ou mesmo mal-intencionados entendem que que não eram necessárias tantas Actividades de Empobrecimento Familiar. Não passam de vozes de burro que, evidentemente, não chegam ao céu. Como o Primeiro-ministro afirmou há tempos as pessoas "simples" entendem o seu empobrecimento. Claro, é o seu destino.
Como se sabe, o céu está guardado para os bem aventurados pobres.
Na verdade e mais a sério, é difícil de entender a persistência numa estratégia de empobrecimento como salvação para as dificuldades num país em que perto de dois milhões de pessoas, estão em risco de pobreza. Este é o resultado de uma persistência cega e surda no “custe o que custar", no cumprimento dos objectivos do negócio realizado como os nossos “amigos” e dos objectivos de uma política "over troika", atingindo claramente o limite do suportável e afectando gravemente as condições de vida de milhões.
Estamos a falar de pessoas, não de políticas, ou melhor estamos a falar do efeito das políticas na vida das pessoas. E estamos no “bom caminho”?
Com este terramoto social e económico ainda se insiste no discurso do “temos que empobrecer”, é este o “bom caminho”. Isto indigna até à raiva, nós já estamos pobres, nós não precisamos de ficar mais pobres.
O que precisamos é de coragem e visão sem subserviência ao ditado dos mercados e dos seus agentes para definir modelos económicos, sociais e políticos destinados a pessoas e não a mercados ou a grupos minoritários de interesses.
Ter como preocupação quase exclusiva o abaixamento dos rendimentos familiares, incluindo pensões e reformas, o abaixamento dos custos do trabalho através da sua proletarização e precariedade, não parece ser a forma mais eficaz de combater o desemprego, promover desenvolvimento e criação de riqueza.

2 comentários:

Anónimo disse...

Relativamente ao Tema do Empobrecimento Li há pouco um artigo no Público sobre a Geração mais Qualificada de Sempre. Vale a Pena Ler. É preciso pensar que futuro queremos... uma China ou uma Suécia. Andamos a Formar pessoas (Ensino Profissional e Ensino Superior para Quê)? Para Emigrarem ?

Sou desta geração que nem se permite sonhar

http://p3.publico.pt/actualidade/sociedade/17113/sou-desta-geracao-que-nem-se-permite-sonhar

Ps: A Maior Parte das Ofertas de Emprego do IEFP pede em Qualificação 4ª Classe.

Pedro.

Zé Morgado disse...

Pertinente como sempre, Pedro.