Foi hoje divulgado um estudo “O Sistema de Saúde Português no Tempo da Troika: A Experiência dos Médicos”, envolvendo cerca 3200 médicos e realizado pelo ISCTE-IUL por solicitação da Ordem dos Médicos. Os dados são inquietantes, algumas notas.
Cerca de 80% dos inquiridos
entende que a qualidade dos serviços prestados foi afectada pelas políticas
seguidas e 85% afirma ser impossível acomodar mais cortes sem que a qualidade
se degrade.
Mais de 70% dos médicos afirma que os utentes solicitam medicação mais barata e 24% diz que alguns utentes
pedem para que não prescrevam por razões económicas. Cerca de 53% dos clínicos refere o
maior abandono das terapêuticas por dificuldades económicas.
60% dos médicos de Centros de
Saúde e 44% dos que trabalham em hospitais públicos refere já ter sentido falta de materiais básicos como papel, luvas ou
agulhas.
Também 16,5% dos médicos em hospitais
públicos refere ter conhecimento directo ou indirecto da recusa de tratamentos
inovadores.
Os clínicos referem que nos
Centros de Saúde o tipo de interferência mais comum é a pressão para gastar
menos com os utentes, referida por 24% dos médicos, com 22% a destacar em
concreto a não prescrição de certos medicamentos.
Que dizer mais?
Sempre recordo Michael Marmot,
reconhecidíssimo especialista em saúde pública, que há algum tempo esteve em
Portugal e afirmou que todas as políticas podem, ou devem, ser avaliadas pelos
seus impactos na área da saúde.
Talvez a ideia da austeridade “cega”,
do "custe o que custar" fosse de repensar.
Pela nossa saúde.
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