"Na cabine da portagem há um homem que sorri, o que faz dele um herói"
São os loucos de Lisboa, que nos
fazem duvidar ... diz o poema de João Gil.
A história de Samuel o Senhor da
Portagem, na Ponte 25 de Abril, que distribui afecto e empatia enquanto recebe
a portagem é mais um exemplo bonito da grandeza da simplicidade.
Ó Senhor Samuel traz-me à
lembrança outros distribuidores de afectos por desconhecidos, coisa de loucos,
já se vê.
Recorda-me o José que durante
algum tempo, a imprensa fez referência, plantava anonimamente uma flor no Metro
até ser conhecido e ainda uma outra figura de Lisboa já desaparecida, o senhor
João Serra, o Senhor do Adeus ou, como ele preferia, o Senhor do Olá e que
partiu há algum tempo.
O Senhor do Adeus não gostava da
solidão e, por isso, num tempo em que se dá pouco, João Serra dava, coisa pouca
dir-se-á, um sorriso e um adeus a quem passava, sobretudo no Saldanha à noite,
todos as noites. Com bom ou com mau tempo, porque a solidão não tem descanso.
Dar qualquer coisa já não parece
muito saudável, dar afecto e simpatia a desconhecidos é loucura, certamente.
Parece ser também a narrativa do
Senhor Samuel numa cabine de portagem ou do Senhor José que começou a plantar
flores no Metro que alimentam a ideia de fazer crescer relações. Claro que
espalhar flores no Metro ou agradecer e ter gestos de afecto para os apressados
atravessadores da Ponte, parece coisa de loucos ou de românticos, que nós
saudáveis e normais talvez achemos bizarro, fora do tempo.
Foi criada no Facebook uma página
de reconhecimento ao Senhor Samuel, algo que o deixou "envergonhado".
São assim as pessoas boas.
No entanto, creio que apesar dos
discursos e do reconhecimento sentimos uma ponta de inveja pela coragem de ser
assim.
Fazem falta, os loucos de Lisboa.
Que nos fazem duvidar.
Obrigado Samuel
Obrigado José.
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