"Há cem jovens online para apoiar vítimas de bullying"
Nos contextos educativos, dada a
gravidade e frequência com que ocorrem episódios de bullying nas suas
diferentes formas torna imprescindível que lhes dediquemos atenção
ajustada, nem sobrevalorizando, nem tudo é bullying, o que promove insegurança
e ansiedade, nem desvalorizando negligenciando riscos e sofrimento.
Neste universo importa considerar
dois eixos fundamentais de intervenção por demais conhecidos, a prevenção e a
intervenção depois dos problemas ocorrerem. Esta intervenção pode, por sua vez
e de forma simplista, assumir uma componente mais de apoio e correcção ou
repressão e punição, sendo que podem coexistir. Com alguma demagogia e
ligeireza a propósito do bullying, as vozes a clamar por castigo ou a
desvalorizar ocorrências têm, do meu ponto de vista, falado mais alto que as
vozes que reclamam por dispositivos de prevenção, intervenção e apoio para além
da óbvia punição, quando for caso disso.
Relembro que o Portal sobre o
bullying teve durante o seu primeiro ano de funcionamento cerca de 650 000
visitas e respondeu a 700 solicitações. Também a iniciativa BeatBullying pode
ser mais um bom contributo neste âmbito.
Esta utilização mostra a
necessidade de dispositivos de apoio e orientação absolutamente fundamentais
para que pais, professores e alunos possam obter informação e apoio.
Lamentavelmente, este serviço é exterior às escolas e ilustra a falta de
resposta estruturada e global do sistema educativo, para além das
insuficiências na formação de técnicos e de professores sobre esta complexa
questão, desde logo para o seu reconhecimento. A existência de dispositivos de
apoio sediados nas escolas, com recursos qualificados e suficientes é, a par de
ajustamentos nos modelos de organização e funcionamento das escolas e de uma
séria reestruturação curricular, uma tarefa urgente. Do meu ponto de vista, o
argumento custos não é aceitável porque as consequências de não mudar são
incomparavelmente mais caras. Depois das ocorrências torna-se sempre mais fácil
dizer qualquer coisa mas, sendo necessário, já é tarde. Muitas crianças e adolescentes
evidenciam no seu dia-a-dia sinais de mal estar a que, por vezes, não
damos atenção, seja em casa, ou na escola, espaço onde passam um tempo enorme.
Estes sinais não podem, não
devem, ser ignorados ou desvalorizados.
O resultado pode ser trágico.
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