quinta-feira, 29 de maio de 2014

OS SOBREVIVENTES

"Taxa de mortalidade infantil diminuiu no ano passado"

Felizmente, em Portugal a taxa de mortalidade infantil baixou de 2012 para 2013, isto é, de 3,4 óbitos por cada mil nados-vivos em 2012 para de 3,1 em 2011. Este dado contraria uma tendência de subida que verificou em 2012 e assim mantemo-nos com uma das mais baixas taxas de mortalidade infantil da União Europeia. Para termos uma ideia do extraordinário progresso verificado recordo que em 1990 se registavam cerca de 15 mortes por cada mil crianças.
Importa acentuar que os progressos foram ainda mais significativos do ponto de vista da qualidade dos cuidados de saúde, se considerarmos que os óbitos em recém-nascidos, o período mais crítico, baixaram de 7 para dois, sendo a prematuridade um dos maiores factores de risco.
No entanto, apesar dos bons resultados em saúde infantil na esperança de vida com saúde, Portugal está abaixo da média dos países europeus.
Estes números que merecem registo, criam-nos a todos uma enorme responsabilidade.
Em primeiro lugar obriga-nos a assegurar um futuro positivo a todos os sobreviventes, por assim dizer.
Em segundo lugar e de forma mais particular, considerar que entre as dimensões mais contributivas para esta melhoria se destacam as condições e qualidade de vida, a qualidade e acessibilidade dos serviços de saúde e a educação.
Em terceiro lugar, importa que os cuidados de saúde não percam qualidade, antes pelo contrário, que se promovam e incentivem estilos de vida mais saudáveis de modo a conseguir aumentar a esperança de vida saudável.
E pronto, não queria falar da crise mas tem que ser. A tragédia que se abateu sobre milhares e milhares de famílias com cortes significativos nos rendimentos e o aumento exponencial do desemprego, os cortes nos sistemas de apoio e de saúde, os cortes no SNS e na educação colocam riscos severos. São conhecidos muitos relatórios que mostram como crianças e velhos são os grupos mais vulneráveis em situações de dificuldade económica. São divulgadas regularmente as privações alimentares que atingem muitas famílias, levando a que milhares de crianças apenas encontrem nas cantinas escolares as refeições mais substantivas de que necessitam.
Conseguimos que os mais pequenos sobrevivam, não podemos deixar que não cresçam como os recursos e as condições mínimas para se tornem gente com projectos de vida positivos e sustentados.

Não há como fugir a esta enorme responsabilidade.

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