Um dia destes, a meio da manhã, entrei na papelaria do
costume para comprar o jornal, hábito de sempre.
Enquanto aguardava, entrou um miúdo, uns doze anos de gente,
saído da escola ali pertinho, que se dirige ao funcionário e lhe diz, “Posso
telefonar à minha mãe, ela não me veio buscar, esqueceu-se outra vez”.
Percebi que era um esquema habitual, o funcionário emprestou
o telemóvel ao gaiato para ele telefonar. Um tempinho depois, oiço “Diz que
está desligado, posso telefonar para a minha prima?”
Ao que disse em seguida, a prima viria buscá-lo e a mãe acertaria
a conta do telemóvel com o senhor da papelaria.
Não quero, evidentemente, produzir juízos apressados e,
eventualmente, injustos mas creio que poderá ser apenas mais um pequenino
exemplo dos “esquecimentos” a que alguns miúdos estão sujeitos.
Ainda há pouco tempo, numa roda de conversa com gente do
Pré-escolar e1º ciclo, se falava da frequência com que algumas crianças ficam
até quase ao fecho das instituições porque “alguém” se esqueceu das ir buscar
ou porque esse “alguém” pensava que seria outro “alguém” a fazê-lo.
Na verdade, existem muitos miúdos que passam muito tempo na
sala de espera aguardando por alguém, às vezes a vida inteira.
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