"Desemprego, violência e funcionamento da justiça fazem portugueses sentirem-se inseguros"
Segundo dados
do Barómetro 2014 da Segurança, Protecção de Dados e Privacidade em Portugal, o
desemprego, 76,3%, o aumento da violência na sociedade, 43,8%, e o
funcionamento da justiça, 36,2%, são os três motivos mais contributivos para a sensação
de insegurança dos portugueses.
Apesar de 73%
dos inquiridos perceberem Portugal como um país seguro e 80% se sentir seguro
ou muito seguro no local onde vivem, 56% por entendem que a situação piorou e
48% que continuará a degradar-se.
Na verdade, a
sensação de insegurança é uma dimensão com a qual temos que conviver com maior
ou menor tranquilidade e optimismo. A imprensa oferece-nos diariamente retratos
deste universo sendo que, deve dizer-se, a forma como estes episódios são
abordados do ponto de vista das opções editoriais, é também uma peça importante
em todo este universo, percepção de insegurança, que se vai instalando de
mansinho e que poderá ter efeitos devastadores.
Não é estranho que o mundo de dificuldades que em Portugal
muitos milhares de pessoas atravessam, possa sustentar um aumento de algumas
formas de delinquência envolvendo frequentemente o recurso a comportamentos
violentos. As dificuldades progressivas em encontrar rendimentos que garantam o
sustento, mesmo na chamada economia paralela. poderão induzir em muitas pessoas
comportamentos que, em escalada, minarão a coesão social e a percepção de
segurança, bases imprescindíveis na nossa vida diária.
A questão é como nós comunidade lidamos com estas questões.
Clamarão uns pelo aumento da repressão e punição por parte
das autoridades policiais em contenção de recursos, em efervescência interna, e
por parte de um sistema de justiça ineficaz e lento que alimenta a ideia de
impunidade.
De facto, uma das dimensões fundamentais para uma cidadania
de qualidade e vivida com uma percepção de segurança é a confiança no sistema
de justiça. É imprescindível que cada um de nós sinta confiança na
administração equitativa, justa e célere da justiça. Assim sendo, a forma como
é percebida a justiça em Portugal, forte com os fracos, fraca com os fortes,
lenta, mergulhada em conflitualidade com origem nos interesses corporativos e
nos equilíbrios da partidocracia vigente, constitui uma das maiores fragilidades
da nossa vida colectiva.
Alguns outros exigem maior atenção às desigualdades e
exclusão decorrentes das medidas de austeridade e da crise.
Muitos apelam a políticas preventivas e mais eficazes nos
apoios sociais que tendo custos evidentemente, compensam pois as consequências
poderão sair-nos bem mais caras.
Maior exigência nas decisões, comportamentos, discursos das
lideranças e no funcionamento do estado, de modo a não alimentar a ideia,
ajustada, de uma repartição desigual de sacrifícios e dificuldades, referirão
ainda outros.
Não existem, evidentemente, abordagens e soluções
milagrosas, mas creio que estas questões merecem uma muito inquieta atenção.
Sem comentários:
Enviar um comentário