"Mais de 38 mil crianças perderam abono de família num ano"
Entre Março de 2013 e Março de 2014 mais de 38 000 crianças
perderam o abono de família. Desde 2009 serão mais de 500 000 os casos de perda
do abono de família.
Conhecendo-se as dificuldades genéricas das famílias
massacradas por situações de desemprego e abaixamento dos rendimentos, por
desemprego, aumento brutal de impostos ou ausência de apoios sociais não é
difícil imaginar o enorme risco que envolve as crianças e jovens.
Apesar deste cenário, continuamos com a insistência
insensível e insensata num caminho de cortes nas áreas sociais e da educação,
no corte insustentável no rendimento das famílias produzindo diariamente novos
pobres que já nem envergonhados se conseguem sentir, tamanha é a desesperança
que faz aparecer de mão estendida na escola, nas instituições ou nas
ruas.
Face a este drama dizem-nos não haver alternativa. É mentira
porque existem alternativas e é crime porque se condenam milhares de miúdos a
passar a carências graves.
As dificuldades das famílias e o que dessas dificuldades
penaliza e ameaça os mais pequenos, é demasiado importante para que não
insistamos nestas questões. Todos os estudos e indicadores identificam os mais
novos como o grupo mais vulnerável ao risco de pobreza que, aliás, tem vindo a
aumentar.
As dificuldades que afectam directamente a população mais
nova são algo de assustador. Esta realidade não pode deixar de colocar um
fortíssimo risco no que respeita ao desenvolvimento e ao sucesso educativo
destes miúdos e adolescentes e portanto, à construção de projectos de vida bem
sucedidos. Como é óbvio, em situações limite como a carência alimentar,
exploração sexual, mendicidade, insucesso educativo e abandono escolar,
estaremos certamente em presença de outras dimensões
de vulnerabilidade que concorrerão para futuros preocupantes.
É por questões desta natureza que a contenção das despesas
do estado, imprescindível, como sabemos, deveria ser feita com critérios de
natureza sectorial e não de uma forma cega e apressada, custe o que custar,
naturalmente mais fácil mas que, entre outras consequências, poderá empurrar
milhares de crianças para situações de fragilidade e risco com implicações
muito sérias.
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