terça-feira, 7 de janeiro de 2014

QUANDO O TELEFONE TOCA. POSSO DIZER A FRASE?

No I de hoje surge uma peça interessante sobre o mundo dos programas de rádio de "discos pedidos".
A leitura do trabalho levou-me para uma nostálgica, saborosa e tranquila viagem de décadas lá para o início da minha adolescência.
Naquele tempo, na minha casa tínhamos como equipamento para ouvir música um excelente rádio, ainda de válvulas, que, além da música permitia ouvir algumas coisas em onda curta que não queriam que ouvíssemos e era nesta altura usado em surdina. 
Entretanto, com as economias da costura da minha mãe e dos serões e trabalho a prémio que o meu pai fazia no Arsenal do Alfeite, ofereceram-me um espectacular gravador de cassetes com rádio incluído, um fascínio. Só algum tempo depois chegou uma televisão lá casa.
Era este rádio-gravador, companheiro de todas as horas quando em casa, que me permitia ouvir música, algo que não dispenso. Ainda hoje sempre tenho música à minha beira, tal como agora que estou a escrever na companhia um "velho" Patxi Andion".
Com este extraordinário equipamento comecei a construir a minha "casseteca" a partir dos programas que passam música de que gostava e que era ouvida na rádio pois muita não era passada, eram tempos de censura.
O problema é que, muitas vezes, as músicas que iam passando não eram anunciadas previamente o que não permitia gravá-las integralmente. Não contem a ninguém destas piratarias.
No entanto, várias estações de rádio tinham programas de discos pedidos, quase sempre com um formato muito popular, "Quando o telefone toca", em que o ouvinte, depois de reproduzir a frase publicitária solicitada naquele dia e programa, pedia um "disco". Estava atento e com os dedos a postos para carregar no "rec" sempre que era pedida música me interessasse. Devo dizer que muitas vezes, era um esforço e um tempo inglórios, não "pescava" algo de que que gostasse.
Muitas dezenas de músicas foram sendo assim, laboriosamente, coleccionadas, aumentando o acervo e tendo uma banda sonora que me acompanhava.
Como curiosidade sobre estes programas "Quando  telefone toca" lembro-me de uma vez o, ou a, ouvinte ter dito a frase publicitária "Compre o seu frigorífico no Ultramar" em vez de um mais fácil "Compre o seu frigorífico na "Ultralar" uma, à época, bem conhecida loja de electrodomésticos.
Outros tempos, outras vidas. Achei engraçada esta viagem ao passado.

1 comentário:

Unknown disse...

Credo, e pensar que, durante alguns anos tive, como tarefa diária, andar a saltitar entre a Rádio Renascença e o Rádio Clube Português para fazer a "resenha" do que era mais ouvido e mais popular, na época. O meu pai nem tinha a noção da péssima educação musical que estava a "impingir-me" à conta disso. Salvaram-me outros universos...