sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A ESCOLA PÚBLICA EM RISCO DE ABANDONO

Desde 2007 a Associação Empresários pela Inclusão Social - EPIS tem em desenvolvimento em algumas dezenas de escolas do país um programa de combate ao abandono escolar e de promoção do sucesso que tem atingido resultados positivos.
Estes resultados sustentaram o desenvolvimento do programa noutros países da Europa.
A intervenção assenta na criação de equipas de mediadores que promovem ou reconstroem, através de metodologias diferenciadas, uma relação mais positiva  com o contexto escolar por parte de alunos em risco significativa de abandono e insucesso e das suas famílias. Dados os constrangimentos conhecidos  e ao que tem sido anunciado a intervenção da EPIS envolverá menos alunos por falta de recurso.
Este modelo, a utilização de mediadores na relação de alunos em dificuldade e as suas famílias com a escola, também tem sido utilizado em projectos com resultados positivos desenvolvidos pelos Gabinetes de Apoio ao Aluno e à Família, estruturas criadas em algumas escolas no âmbito da acção do Instituto de Apoio à Criança.
A existência de uma figura de mediação em contexto escolar, que transcende a função fundamental, subvalorizada e subaproveitada do meu ponto de vista, do Director de Turma, com o recurso a metodologias diferenciadas de trabalho com alunos, professores e famílias é, reconhecidamente, um contributo muito importante para a qualidade dos processos educativos e do trabalho de alunos e professores, diminuindo riscos de insucesso e abandono.
Nesta perspectiva levanta-se uma questão que me parece importante. A EPIS é uma associação de empresários que no âmbito da responsabilidade social e mecenato apoiam o desenvolvimento destas actividades em escolas públcas e o IAC é também uma estrutura exterior à escola.
Por outro lado, na educação e ensino públicos temos vindo a assistir a uma significativa dispensa de professores à custa do aumento do número de alnos por turma do aumento do trabalho ou de mudanças curriculares com esse objectivo.
Estes professores "dispensados" e "descartáveis" poderiam com relativa facilidade e formação desenvolver nas escolas o trabalho de mediação, por exemplo, que estruturas e meios, muitas vezes exteriores à escola vêm realizar, sendo que assim se abrangeriam as escolas públicas, todas as que necessitassem,  não apenas as "privilegiadas" que acedem ao projecto da EPIS ou do IAC que também enfrentam dificuldades de manutenção.
A questão é que medidas desta natureza implicam a defesa de uma escola pública para todos algo que parece cada vez mais fora da agenda do MEC, ou seja, é a própria escola pública que está em risco de abandono.

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