segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

O INGLÊS NO 1º CICLO. O parecer do CNE, o problema e a reacção do MEC

Depois da trapalhada com a retirada do ensino do Inglês das facultativas Actividades de Enriquecimento Curricular e a sua colocação na oferta formativa complementar que cada escola decide promover, bem como do alarido criado com esta estranha decisão, o Ministro Nuno Crato, à deriva, viu a salvação desresponsabilizante em "pedir ajuda" ao Conselho Nacional de Educação relativamente a esta questão, o ensino do Inglês no 1º ciclo.
Como não podia deixar de ser face à importância da introdução precoce de uma língua estrangeira que, gostemos ou não, só pode ser, evidentemente, o Inglês, o Conselho Nacional de Educação pronunciou-se pela integração do Inglês no currículo obrigatório.
Assim, entende o CNE, o ensino do Inglês deverá ser obrigatório a partir do 3º ano, com um mínimo de duas horas semanais integradas na carga horária curricular e, é importante registar, leccionado por professores com formação em inglês, naturalmente, mas com competências didácticas e pedagógicas adequadas ao ensino do inglês nesta faixa etária o que levantará algumas questões de operacioalização num tempo mais imediato. Estas competências didácticas e pedagógicas serão certamente avaliadas pela sinistra Prova que Nuno Crato instituiu para promover qualidade no sistema educativo.
No entanto, o parecer do CNE que não poderia ter outro sentido, vem, apesar de não ser vinculativo, criar um problema ao Governo.
Em 25 de Outubro de 2013, quando se levantou o alarido com a retirada do Inglês das facultativas Actividades de Enriquecimento Curricular para integrar a oferta formativa complementar de cada escola, foi apresentada no Parlamento uma proposta legislativa no sentido de tornar o ensino do Inglês obrigatório no 1º ciclo. Acontece que PSD e CDS-PP chumbaram, isso mesmo, chumbaram a proposta pois, como é habitual, a gestão dos interesses mesquinhos da partidocracia sobrepuseram-se ao interesse comum.
Assim sendo e como os políticos em Portugal, são na sua esmagadora maioria são pessoas de convicções sólidas e coerentes nas suas ideias, os deputados da maioria manterão provavelmente a sua posição e recusarão que o parecer possa ser levado à prática introduzindo o Inglês no currículo obrigatório do 1º ciclo.

PS - Entretanto, o Ministro Nuno Crato, apesar de ainda não ter lido o parecer do CNE considerou-o um "documento fundamental" para definir políticas nesta matéria indo proceder ao seu estudo com "toda a  atenção" e tê-lo em "devida conta".
Como ainda não leu o parecer, talvez Crato não saiba que o CNE propõe a contratação de docentes devidamente qualificados para o ensino do inglês a alunos do 1º ciclo. Aqui é que a "porca torce o rabo". Mais professores? Não pode ser a não ser que ... aquela gente sem emprego, descartável, que dava umas aulas de inglês nas AECs ou na  oferta formativa complementar paga, quando paga, miseravelmente possa, em outsourcing, com a comparticipação dos pais e o apoio de algumas empresas, ensinar inglês aos miúdos. 

2 comentários:

Anónimo disse...

Deviam aproveitar os docentes de AECs que, não tendo outra hipótese de exercer a profissão senão aproveitando estas horas, foram fazendo formação e adquirindo saber... aquele de experiência feito. Mas aposto que esses serão mais uma vez descartados, são o parente pobre da classe. Maus profissionais existem em todas as profissões mas felizmente tenho visto excelentes professores de inglês nas AECs, mesmo não tendo canudo no ensino precoce da língua. Estão é nisto há 8, 9 anos e tiveram que se adaptar e ir melhorando... a necessidade aguça o engenho. Existem sítios por aí em que o inglês no 1º ciclo é um sucesso, e é a esses docentes que o devem.

Zé Morgado disse...

Também me parece que podem ser utilizados docentes com essa experiência embora, como saiba, coexistem como diz excelentes práticas com intervenções muito desajustadas. Importa ainda considerar que o Inglês integrado no currículo obrigatório requer uma abordagem com alguns contornos diferentes de uma actividade facultativa. Ainda assim, dramaticamente, muitos professores, não só das AECs, vão sendo considerados "descartáveis" como muitas vezes aqui tenho escrito