Esta informação não surpreende. Mesmo em tempo
de crise, a vida em frente a um ecrã faz parte por demasiado tempo da vida dos
mais novos e ganhou excessiva importância, aliás, costumo afirmar que o ecrã
passou a ser uma espécie de "babysitter" crianças e adolescentes. Os
estudos sugerem que em Portugal crianças e adolescentes passem entre quatro a
cinco horas com essa companhia que inclui PC, TV, consolas, telemóveis, etc.
Uma outra questão que me parece de
reflectir por estar associada é que muitos miúdos vivem muito sós, mesmo quando
aparentemente estão "acompanhados".
Na escola, pela sua massificação e
incapacidade ou dificuldade de diferenciação, a maioria dos miúdos passa despercebida enquanto
indivíduos, conhecem-se melhor os “muito bons” e os “muito maus”. Acontece
mesmo que alguns miúdos só “sentem” que têm alguma atenção quando são maus. Estranhamente, ou talvez não, alguns são "maus" por isso mesmo, também.
Em casa, têm durante muitas horas um ecrã
como companhia durante o pouco tempo que a escola "a tempo inteiro" e
as mudanças e constrangimentos nos estilos de vida das famílias lhes deixam
"livre". Também é verdade que a crescente "filiação" em redes
sociais virtuais possam “disfarçar”, juntando quem “sofre” do mesmo mal e o tempinho
remanescente para estar em família, quase sempre ainda é passado à sombra de
uma televisão.
De há muitos anos que se sabe que não se
cresce só, cresce-se na relação com pares e adultos. É por isso que, embora
entenda a expressão, ouvir chamar a este tempo, o tempo da comunicação, me faz
sorrir, acho mais apropriado considerá-lo o tempo do estar só ou a assistir à
solidão dos outros.
Por isso recordo a afirmação de um miúdo
de 11 anos colocada num desenho e que dá título a este texto, "a minha
consola é que me consola".
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