Como tinha antecipado, as explicações científicas de Nuno Crato sobre a negrura que estendeu sobre a ciência e a investigação assentam num raciocínio mágico sobre a realidade. Com um ar absolutamente tranquilo, tortura os números, recorre à estafada retórica da exigência e da qualidade e conclui sem um sobressalto que a realidade é o que ele acabou de descrever e que tudo o que temos à frente dos olhos e sem grandes dúvidas, menos investimento, menos bolsas de doutoramento e pós-doutoramento, processos que levantam imensas dúvidas, não passam de um mito ou, citando-o, numa conjecturavável ambiguidade, conforme o oficial coveiro Miguel Seabra também afirmará.
O Ministro Nuno Crato gasta boa parte do seu tempo a discorrer sobre mitos. Recordo o mito dos professores a mais que se constrói através do aumento do número de alunos por turma, de reformas curriculares manhosas ou da diminuição de apoios educativos disponíveis.
Recordo ainda o mito em torno do péssimo trabalho realizado nas escolas públicas portuguesas com alunos vítimas do "eduquês" e dos criminosos e facilistas "cientistas da educação", mito esse que veio a ser desmontado pelos resultados do PISA que tornaram claros os progressos realizados, e agora ameaçados.
Também é de referir o mito da chamada liberdade de educação e de alguns dos modelos que lhe estão associados serem apresentados como o modelo para a qualidade a educação quando a investigação e análse das experiências internacionais parecem pouco favoráveis a tal conclusão.
Na verdade, temo que a educação e o ensino público de qualidade, com uma preocupação de não deixar crianças de fora, com dispositivos de apoio a alunos e professores, com autonomia nas escolas, etc., seja mais um mito, o último que Nuno Crato quer combater.
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