No Público está hoje um trabalho impressionante, o
testemunho de uma das famílias que perderam filhos, no caso uma filha, na tragédia
ocorrida na Praia do Meco com o mar a arrastar um grupo de jovens estudantes universitários.
O trabalho, muito bem escrito, registe-se, demonstra a
enorme coragem e aparente serenidade de uns pais que procuram reerguer-se de
uma situação esmagadora.
Na verdade, uma situação desta natureza é uma tragédia
absolutamente devastadora numa família. Nós, pais, não estamos
"programados" para sobreviver aos nossos filhos, é quase
"contra-natura", por assim dizer, são eles que nos devem sobreviver,
nós partimos primeiro.
Se a este cenário acresce um tempo de ausência física de um
corpo que, por um lado, testemunhe a tragédia da morte mas, simultaneamente,
permita o desenvolvimento de um processo de luto, a elaboração da perda como
referem os especialistas, que, tanto quanto possível, sustente alguma reparação
e equilíbrio psicológico e afectivo na vida familiar, a situação é de uma
violência inimaginável.
Com a recuperação do corpo segue-se um processo de luto que
não terá fim, vai doer todos os dias. O testemunho dramático deixado no
Público, faz parte deste processo de luto.
Um exemplo extremo de pais coragem. De nada serve,
provavelmente, mas que se registe a solidariedade que merecem.
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