Era uma vez uma menina chamada
Maria. Tinha 11 anos e não era muito bonita. Há meninos que não são. A Maria
também não era muito boa aluna, os colegas tinham sempre melhores notas que
ela. Há meninos assim e ela até se esforçava.
Às vezes tinha dúvidas, os professores ajudavam, mas
como era pouco tempo ainda ficava sem saber algumas coisas. Queria e tentava
fazer os trabalhos de casa, mas o pai e a mãe não sabiam ajudar porque tinham
andado pouco tempo na escola e o irmão era mais novo.
A Maria era uma miúda triste. Um
dia a directora de turma perguntou-lhe porque assim estava quase sempre.
Escondida atrás de uns olhos grandes, esses sim, muito bonitos mas tristes,
disse baixinho: “Eu nunca tive um bom,
nem sequer um bom pequeno. Gostava tanto de ter um”.
Umas aulas depois a professora
avisou, como sempre, que ia haver teste. A Maria, como sempre, ficou assustada.
Depois de o fazer, achou que tinha corrido bem. Quando a professora devolveu os
trabalhos a Maria viu escrito em letras gordas, bom, GRANDE. Os olhos que já
eram grandes, ficaram maiores, até ela se sentia mais crescida. Os pais
contaram aos vizinhos. A Maria, podia não ter sempre notas tão altas como
outros colegas, mas já tinha tido um bom.
Um bom grande, aquele bom grande.
A professora também ficou grande. Amiga.
3 comentários:
Adoro os seus textos e este não é excepção.
Talvez o segredo da educação passe também por isto mesmo: potenciar as capacidades que CADA aluno tem e deixar de apenas evidenciar as (in)capacidades que alguns apresentam (especialmente os NEE...) que acabam sempre por levar ao desalento e à desmotivação do costume.
Até ao inevitável atirar da toalha ao chão final.
Parabéns e obrigado, a si e a todos os professores que ainda não desistiram de ensinar, educando.
Que bonito texto, Morgado...mesmo bonito. Tanto quanto a professora e a Maria...
Abraço
Obrigado, Lucas Duarte e Manela.
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