Ao que parece, Nuno Crato, apesar da recusa do PSD, irá
mesmo ao Parlamento explicar a sua política em matéria de investigação e
ciência, designadamente no que respeita ao número de bolsas de doutoramento e pós-doutoramento e ao processo de selecção que levanta sérias dúvidas.
Espera-se, naturalmente, uma explicação científica, rigorosa,
exigente e competente sobre as decisões mais recentes nesta matéria.
Tal como Miguel Seabra, Presidente da FCT e oficial de
coveiro, o Ministro virá com certeza sustentar que com menos verba alocada se aumenta o investimento
na ciência e com menos bolsas se aumenta a investigação, o que é um autêntico
milagre, evidentemente explicado cientificamente por Nuno Crato. Aguardo com alguma expectativa esta lição de ciência.
Embora possa estar distraído, ainda não ouvi alguma voz de
relevo da comunidade científica e do tecido da investigação em Portugal afirmar compreender e defender este entendimento,
antes pelo contrário, a recusa e a crítica parecem ter reunido um
inabitual consenso, o Ministro conseguiu fazer o pleno.
É evidente que estas vozes críticas pertencem a pessoas que
da sua zona de conforto e longe do mundo real, como entende o Ministro da Economia numa
embaraçante, perigosa e ignorante intervenção, não conseguem alcançar a capacidade
realizadora e a visão dos responsáveis do MEC.
Como já escrevi, a negrura crática que cai sobre a
investigação vai ter consequências brutais em termos de desenvolvimento científico
e económico para além, evidentemente, do impacto nas carreiras pessoais assim
ameaçadas de milhares de pessoas que investigam, criam conhecimento, promovem
desenvolvimento e que agora, provavelmente ou desistem ou emigram.
E assim se destrói um país, científicamente, por assim dizer.
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