quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A EXPLICAÇÃO CIENTÍFICA


Ao que parece, Nuno Crato, apesar da recusa do PSD, irá mesmo ao Parlamento explicar a sua política em matéria de investigação e ciência, designadamente no que respeita ao número de bolsas de doutoramento e pós-doutoramento e ao processo de selecção que levanta sérias dúvidas.
Espera-se, naturalmente, uma explicação científica, rigorosa, exigente e competente sobre as decisões mais recentes nesta matéria.
Tal como Miguel Seabra, Presidente da FCT e oficial de coveiro, o Ministro virá com certeza sustentar que com menos verba alocada se aumenta o investimento na ciência e com menos bolsas se aumenta a investigação, o que é um autêntico milagre, evidentemente explicado cientificamente por Nuno Crato. Aguardo com alguma expectativa esta lição de ciência.
Embora possa estar distraído, ainda não ouvi alguma voz de relevo da comunidade científica e do tecido da investigação em Portugal afirmar compreender e defender este entendimento,  antes pelo contrário, a recusa e a crítica parecem ter reunido um inabitual consenso, o Ministro conseguiu fazer o pleno.
É evidente que estas vozes críticas pertencem a pessoas que da sua zona de conforto e longe do mundo real,  como entende o Ministro da Economia numa embaraçante, perigosa e ignorante intervenção,  não conseguem alcançar a capacidade realizadora e a visão dos responsáveis do MEC.
Como já escrevi, a negrura crática que cai sobre a investigação vai ter consequências brutais em termos de desenvolvimento científico e económico para além, evidentemente, do impacto nas carreiras pessoais assim ameaçadas de milhares de pessoas que investigam, criam conhecimento, promovem desenvolvimento e que agora, provavelmente ou desistem ou emigram.
E assim se destrói um país, científicamente, por assim dizer.

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