Era uma vez um rapaz, pequeno, daqueles que agora inventaram
que só faz o que quer, quando quer e onde quer.
Como é natural, os pais volta e meia ficavam embaraçados com
os desatinos do gaiato. Em casa ainda vá que não vá, estavam sós e ninguém
reparava. Mas fora de casa o rapaz parecia que fazia de propósito arranjando
confusão e fazendo disparates nas situações mais inconvenientes.
Um dia, estava a mãe a passear com o rapaz no jardim e ele,
como de costume, corria atrás dos pombos, interrompia brincadeiras doutros
miúdos, atirava pedras aos patos do lago e o mais que a sua imaginação sugeria.
A mãe, envergonhada, assistia discretamente e, apesar da inutilidade, de vez em
quando chamava-o. Um Velho que passava, reparou na cena e dirigiu-se à mãe, “menino
traquinas o seu não é?”. “Nem me fale, não faço nada dele”. O Velho
ficou mais uns minutos a pensar o rapaz e disse à mãe que, querendo ela, no dia
a seguir lhe daria algo que talvez ajudasse. A mãe, apesar de desconfiada,
disse que viria.
Quando chegou, o Velho deu-lhe uma caixa e disse-lhe para
que, sempre que o rapaz fosse começar uma das suas travessuras, ela lhe desse a
mão com muita força, lhe oferecesse uma daquelas coisas que estava na caixa e
lhe contasse uma história. Quando a mãe abriu a caixa apenas encontrou folhas
de papel que tinham escrito com uma letra muito bonita “Gosto muito
de ti mas NÃO PERMITO que faças isso”.
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