Embora seja juiz em causa própria, não me considero particularmente conservador na forma de olhar para o mundo. No entanto, existem circunstâncias em que o decoro social e ético, ou a falta dele, ainda me deixam perplexo.
No Telejornal das 20h na RTP1, depois da peça de resistência inicial centrada na inconsequente e estéril liturgia do Congresso do PSD e de mais umas referências da actualidade, surge, finalmente, um trabalho sobre a morte de Antonio Tabucchi. Para além de uma síntese biográfica, escutaram-se sentidas declarações de Maria da Piedade Ferreira, a sua editora, e do pintor Júlio Pomar, amigo de Antonio Tabucchi, que referiu a tristeza que nos últimos tempos lhe sentia, decorrente, provavelmente, da doença que o veio a vitimar.
No segundo seguinte, o apresentador do Telejornal, bem sorridente, anuncia o lançamento de MDNA, o novo trabalho de Madonna, apoiado num vídeo de promoção, a cena pareceu-me gravada num programa televisivo, em que a artista mostrava a sua arte.
Como disse, eventualmente posso estar a ser "conservador", mas parece-me de uma absoluta falta de bom senso o alinhamento editorial de, no seguimento da notícia da morte, verificada há horas, de Antonio Tabucchi, mostrar os dotes artístico-sensuais de Madonna.
Será que é isto que se deve considerar serviço público ou eu estou mesmo a ficar velho?
3 comentários:
Fazem-no constantemente, entre mortos e golos... Uma forma de adormecer as mentalidades, anestesiando o pensamento!
Não é ser conservador, é ser observador - o que aprendemos há muito tempo!
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Não é estar a ficar velho,é ser consciente, o que se está a tornar raro.
Fico mais descansado e, estranhamente, mais preocupado, aquilo está mesmo errado.
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