O Público de hoje coloca em primeira página que,
dados de 2011, 40% dos jovens entre 15 e 34 anos tem um vencimento inferior a
600€.
Ainda segundo dados do INE é relevante saber que
cerca de 8% trabalha a recibo verde e 55 % tem uma relação laboral precária.
É também conhecido que o desemprego jovem atingiu
recentemente o dramático valor de 35%, a terceira taxa mais alta da UE.
Na mesma linha, há poucas semanas noticiava-se o
aumento de 6,7% do número de desempregados registados nos Centros de Emprego
face a Novembro de 2010. Entre os mais jovens este aumento foi mais
significativo, 10,5.
Segundo dados do INE de há meses, 314 000 jovens
não estudam nem trabalham, a designada situação “nem nem”. Estes números,
atendendo à dimensão do país são absolutamente dramáticos.
A precariedade nas relações laborais quase
duplicou na última década. Portugal é o segundo país da Europa, a seguir à
Polónia, com maior nível de contratos a prazo. Por outro lado, as políticas de
emprego anunciadas incluem a maior flexibilização das relações laborais o que,
naturalmente, é coerente com os ventos neo-liberais e o endeusamento do mercado
que tudo permite, incluindo roubar a dignidade às pessoas e promover exclusão.
Deste cenário e dos números do desemprego,
resulta que os mais novos à entrada no mercado de trabalho são os mais
vulneráveis ao desemprego e à precariedade quando, apesar das dificuldades,
acedem a algum emprego. Este quadro, curiosamente, afecta a mais qualificada
jovem de sempre.
Esta situação complexa e de difícil ultrapassagem
tem, obviamente, sérias repercussões nos projectos de vida das gerações que
estão a bater à porta da vida activa. Entre outras, contar-se-ão, os
indicadores mostram-no, o retardar da saída de casa dos pais por dificuldade no
acesso a condições de aquisição ou aluguer de habitação própria ou o adiar de
projectos de paternidade e maternidade que por sua vez se repercutem no inverno
demográfico que atravessamos e que é uma forte preocupação no que respeita à
sustentabilidade dos sistemas sociais.
As gerações mais novas que experimentam enormes
dificuldades na entrada sustentada na vida activa, vão também, muito
provavelmente, conhecer sérias dificuldades no fim da sua carreira
profissional.
No entanto, um efeito muito significativo mas
menos tangível desta precariedade no emprego, é a promoção de uma dimensão
psicológica de precariedade face à própria vida no seu todo e que, com alguma
frequência, os discursos das lideranças políticas acentuam. Dito de outra
maneira, pode instalar-se, está a instalar-se, uma desesperança que desmotiva e
faz desistir da luta por um projecto de vida de que se não vislumbra saída
motivadora e que recompense. Podemos estar perante as gerações perdidas de que
há algum tempo se falava.
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