segunda-feira, 9 de abril de 2012

NA FALTA DO PÃO, QUE NÃO FALTE O CIRCO

Segundo dados da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos, os cinco principais partidos gastaram cerca de dez milhões de euros na campanha eleitoral das últimas legislativas, Junho de 2011. PS e PSD, os mais gastadores, usaram cerca de 4 milhões cada para convencer o eleitorado da bondade da sua escolha.
Uma leitura rápida da discriminação dos gastos em campanha eleitoral, dá-nos uma boa imagem  da forma como é pensada a passagem da mensagem política em campanha eleitoral. Os gastos foram sobretudo em estadas, autocarros, refeições, agências de comunicação e empresas de estudos de mercado.
Aparecem ainda algumas referências curiosas, os materiais para oferta que tanto nos atraem e pelos quais somos capazes de criar conflitos. Uma referência ainda aos gastos em megacomícios em que é preciso trazer gente de fora. Nós portugueses apreciamos uma viagenzinha de borla mesmo que tenhamos que dar vivas a um partido e agitar uma bandeira. Sempre espairecemos um bocado das agruras da vida.
É claro que os também se gastaram uns milhares nos almocinhos ou jantares de campanha que são deliciosos e baratos. É certo que variam entre o bacalhau com natas, a carne assada e os bifinhos com cogumelos e ainda levamos com os discursos. Bom, mas também temos que fazer algum sacrifício, o preço compensa.
Curiosamente, os resultados destes investimentos em termos de mobilização eleitoral parecem pouco animadores se atentarmos nos níveis crescentes de absentismo. Já nem o circo atrai. 
PS – Como é óbvio, a democracia tem custos, a actividade dos partidos será um deles pelo que este texto tem uma assumida ponta de demagogia. Mas é que estou mesmo farto da falta de pão e do excesso de circo.

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