sexta-feira, 13 de abril de 2012

O FRENESIM DOS MIÚDOS

Um dia destes, numa roda de gente ligada de várias formas ao universo dos miúdos, alguém se referia a um aluno que tinha, gaiato com seis anos, dizendo que era daqueles que na sala de aula punha tudo num “frenesim”. Ao que parece, o miúdo vive só com a mãe que o vem buscar à escola há hora mais tardia possível, não se lhe conhecendo um gesto de carinho e acolhimento no encontro com o miúdo e que afirma frequentemente que não tem a mínima paciência para o aturar.
A conversa prolongou-se por ali e por acolá, sempre em torno do frenesim em que o gaiato colocava a sala e das dificuldades que isso causaria no trabalho de colegas e professor. Na verdade, pela descrição feita, a situação não seria fácil.
Fiquei no entanto a pensar que, em muitas circunstâncias, o frenesim que muitos miúdos criam à sua volta, não passará, por assim dizer, de um espelho do frenesim que neles instala as circunstâncias de vida.
Não “sabendo” o que fazer com esse frenesim fazem como nos jogos de miúdos, passam-no, lembram-se certamente do “Passa a outro e não ao mesmo” da nossa infância.
A grande questão é que, percebendo-se como é difícil gerir o frenesim criado pelos miúdos, muito mais difícil se torna gerir o frenesim em que se transforma a sua vida.
Este miúdo precisa de uma mãe, a que tem não lhe faz uma festa, não lhe dá colo, quase não fala com ele. Não tem paciência, diz.

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