domingo, 22 de abril de 2012

ENTRE O "DRESSING CODE" E O "THINKING CODE"

Para fugir um pouco à circularidade das notícias sobre a crise, umas notas sobre o "Regulamento e Código de Conduta" estabelecido pela direcção do Hospital de Braga e que proíbe, entre variadíssimos outros aspectos, o uso de "cabelos de cores extravagantes" ou saltos excessivamente altos.
Como é habitual, a tentativa de regulação de matérias desta natureza desencadeia polémica e entendimentos diversos. Lembram-se certamente das discussões em torno da definição de orientações por parte do Conselho Académico da Universidade Católica sobre o vestuário a adoptar no campus universitário.
As opiniões neste universo são sempre de grande elasticidade, variando entre os que defendem a “farda” até aos que sustentam que regular a apresentação é um atentado aos direitos individuais. Já não tenho muita paciência para certo tipo de discussões.
Os mais velhos lembrar-se-ão de nos tempos imediatamente a seguir ao 25 de Abril de 74 e num dos efeitos da libertação de uma sociedade fechada, obscura, conservadora, se ter assistido a uma extraordinária onda de abolições de regras sobre o vestuário e apresentação nas mais variadas profissões, incluindo as forças armadas. Tal facto levava a "retratos" notáveis criando figuras de que muitos de nós se lembram.
A poeira assentou e fomos, de mansinho, voltando ao entendimento de que existem circunstâncias sociais, culturais e profissionais que determinam que "não vale tudo" no comportamento e apresentação em nome de um guarda chuva infinito, os "direitos individuais".
A vida em sociedade e o respeito por regras sociais obriga a que ninguém de nós possa fazer sempre o que quer, quando quer, onde quer, da forma que quer, etc. Não simpatizo com proibições e normas exaustivas sobre comportamentos individuais, tão na moda ultimamente, mas também entendo que em algumas circunstâncias e contextos se torna necessário com  regular, de forma sensata, funcionamentos, não no sentido da normalização cinzenta em que corpo e "cabeça" vestem farda, mas que promovam alguma auto-regulação nos indivíduos nos diferentes contextos em que se movem.
Também nesta matéria me parece necessário separar o essencial do acessório, ainda que se preste a discursos demagógicos e populistas, vendem bem. Mesmo os mais críticos do estabelecimento deste tipo de normas, eu sou um deles, sabem que diariamente gerimos regras de conduta e apresentação nos diferentes contextos em que nos movemos.

2 comentários:

Anónimo disse...

gastou 2422 caracteres e não disse nada. sugiro a política como carreira.

Anónimo disse...

Touché!