O trabalho de hoje no Público sobre os
nomes que os portugueses estão a atribuir aos seus rebentos, parece-me uma opção
interessante para intercalar com as notícias do quotidiano de chumbo em que estamos
mergulhados. Na peça aborda-se também a situação de pessoas que por alguma
razão entenderam por bem trocar de nome.
Ao que se diz, continuamos um país de Marias mas
agora de Rodrigos em vez de Josés. Devo dizer que fiquei um pouco inquieto, um
mundo sem “Sónias Andreias”, sem “Kátias Vanessas”, sem “Sandras Cristinas”,
sem “Tatianas”, sem “Fábios”, sem “Mauros” vai ser, certamente, um mundo
diferente. Também em trabalhos anteriores sobre esta matéria se registava já a tentativa
de sofisticar um pouco as escolhas, mantém-se o popular João, mas temos o
Rodrigo, o Martim, o Tomás, a Mariana, a Matilde entre outras que nos garantem,
enfim, outra apresentação.
Mas o que me deixou mais apreensivo face a esta
questão, é que, recordando um trabalho também sobre esta matéria há algum tempo
divulgado, parece notar-se que o povo está mesmo a voltar as costas aos nossos
mais gloriosos nomes, sobretudo nos rapazes, nomes como Manuel, António, José,
Paulo, Carlos, etc. estão em queda. Será que vamos deixar de ter um Carlos
Jorge, um António Manuel, um Manuel Carlos, um José Manuel, um António João, um
Paulo Jorge, tudo nomes na nossa melhor tradição?
Até nos nomes! Estão a mexer com a nossa
identidade.
Por outro lado, considerando os nomes que se
chamam e de que as pessoas não gostam, uma pequena história que há tempos aqui deixei.
"Gosto
quando me chamam. Às vezes, muitas vezes, não me chamam.
Outras
vezes chamam-me nomes que não são meus. Os crescidos chamam-me preguiçoso,
distraído, parvo, bebé, coitadinho e outros nomes, sempre nomes que não são
meus.
Os outros
miúdos chamam-me badocha, gordo, bolacha, caixa de óculos, def e outros nomes,
sempre nomes que não são meus.
Eu acho que
as pessoas, todas as pessoas, só deviam ter um nome, o seu."
2 comentários:
Eu também acho os nomes actuais sofisticados demais... Os meus filhos chamam-se Pedro, Luis e Rita. E, tirando a Rita, é estranho como são o único Pedro e o único Luis da turma.
Sinais dos tempos
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