sexta-feira, 20 de abril de 2012

TERRA DE TROCA-TINTAS

Não é possível ler sem um sobressalto de alguma indignação as notícias hoje divulgadas em torno da disponibilidade do conhecido entertainer e comentador de casos de polícia Moita Flores, para continuar a prestar “serviço público” candidatando-se à autarquia de Oeiras uma vez que outra figura proeminente altamente recomendável, o Dr. Isaltino,  se desligou do PSD e já chegou ao fim do prazo de validade em termos de mandatos.
O Dr. Moita Flores, coloca-se em bicos de pés e afirma a disponibilidade para se sacrificar mais uns anos em nome do espírito de missão que obviamente o caracteriza. Ele só precisa de um lugarzinho numa autarquia maior pois Santarém já é coisa pouca para tanta genialidade, generosidade e vontade de servir.
As estruturas concelhias partidárias, atraídas pela mediática figura e pela competência autárquica da figura capazes de voltar a conquistar a autarquia, endereçaram um convite que certamente deixa o Dr. Moita Flores altamente sensibilizado, ao qual, pode ler-se no Público, não pode responder já (pulando de entusiasmo a dizer que sim) porque é indelicado aceitar antes de receber o convite e é assim desta forma despudorada que se tece a trama da política à portuguesa.
Depois de uns aninhos em Santarém, o Dr. Flores, pelos vistos um profundo conhecedor da realidade de Oeiras, assina de cruz o seu contrato de transferência para prosseguir a missão de serviço público a que se propôs. Devido à limitação de mandatos, esta manhosice vai certamente animar o mercado da dança das cadeiras nas próximas eleições autárquicas envolvendo as diversas cores que vão a jogo.
Terra de troca-tintas, como diria a minha avó Leonor.

1 comentário:

anónimo paz disse...

Está sobressaltado e indignado Senhor Professor ?!

Ainda existe espaço no seu espírito para tais sentimentos, tratando-se de partidocracia, neste burgo a que o Senhor chama de Portugal dos pequeninos ?!

Sou leigo na matéria, mas acho que Sigmund Freud chamaria a isso síndrome da credulidade.

É o clientelismo, as cunhas, o amiguismo e a retribuição de favores e fidelidades a funcionar.

Depois vem a roubalheira e a incompetência de alguns autarcas.

A seguir ainda vem o encobrimento, branqueamento e por fim os sucessivos apelos jurídicos para instâncias superiores até à prescrição ou limbo público. Como muito bem sabe é recorrente.

A 3ª República não é de forma nenhuma diferente das suas antecessoras.

É o nosso fado caro Professor...


saudações