O Ministro Nuno Crato reafirmou hoje a intenção já conhecida de instituir um exame de acesso definitivo à profissão docente, envolvendo os professores que ainda não são do quadro e os que de novo batem à porta da profissão. Nada de novo e, como é hábito, está coerente com a relação mágica que o Ministro tem com os exames, ou seja, fazem-se exames que a coisa melhora, seja o que for.
Como parece evidente, esta decisão traduz a desconfiança sobre a formação de professores quer nos politécnicos, quer nas faculdades, curiosamente também sob tutela do estado. Dito de outra maneira, evidencia a incompetência e negligência da regulação a que a tutela estaria obrigada mas de que se tem demitido.
Com a mesma lógica de análise do Ministro Nuno Crato, a defesa da qualidade, e dada importância fundamental do seu exercício para todos nós, também a formação dos políticos merece uma enorme preocupação. Assim, parece-me imprescindível os candidatos sejam submetidos a um exame de ingresso na carreira para garantir, tal como se pretende com os professores, que apenas os melhores tenham acesso ao desempenho profissional.
De forma desinteressada, apenas com genuíno espírito de colaboração, sugiro que os candidatos possam responder a três provas com a estrutura seguinte, paralela à que em tempos foi sugerida para os professores.
Exame escrito de Língua Portuguesa avaliando o “domínio escrito da L.P. tanto do ponto de vista da morfologia e da sintaxe, como da clareza de exposição” e também organização de ideias, além da “capacidade de raciocínio lógico”.
Exame escrito de competências técnicas e científicas envolvendo, entre outros conteúdos: capacidade de elaboração de promessas a partir de um tema, capacidade de comentar demagogicamente um texto, elaborar cinco opiniões diferentes a partir de um facto, citar, de forma organizada, dois nomes reconhecidos na área económica, cultural e política, etc.
Exame oral envolvendo o domínio de uma língua estrangeira para além do “portunhol”, elaboração de uma apresentação em “powerpoint” em três versões sobre um tema e, finalmente, defender uma ideia e o seu contrário no tempo limite de cinco minutos com "pose de estado", seja lá isso o que for.
Creio que teríamos basicamente a mesma classe política mas, dado fundamental, com Diploma de Qualidade. A sério.
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