Era uma vez um rapaz chamado Perfeito. Desde pequeno que o seu nome tomou conta dele.
Em todo o tempo e em todas coisas era Perfeito, fazia tudo como queriam que fizesse, na altura que era para fazer e sempre disponível para fazer o quer que fosse solicitado. Muitas vezes o Perfeito antecipava o que era pedido e realizava, perfeitamente é claro, o que lhe parecia que devia fazer.
Os professores e pais gostavam daquele aluno e daquele filho, tão Perfeito, que era apontado como exemplo a seguir aos demais miúdos da sua idade.
O Perfeito habituado à perfeição dos resultados escolares dos comportamentos parecia uma criança, primeiro, um adolescente, depois, perfeitamente feliz.
Apenas o Professor Velho, o que está na biblioteca e fala com os livros, não se sentia tranquilo com a perfeição do Perfeito. Habituado a ler os miúdos, lia-lhe algumas sombras no olhar que pareciam nuvens a acumular-se. Quando o Velho falava da inquietação que sentia no Perfeito, as outras pessoas achavam que o Velho se desabituara de encontrar miúdos perfeitos.
Um dia, o Perfeito, sem ninguém esperar, fez a primeira asneira da sua vida. Deslumbrou-se com o resultado e com o mundo novo que nunca tinha conhecido, fazer o que lhe dava na cabeça quando lhe dava na cabeça. As nuvens que o Velho lhe pressentia no olhar transformaram-se numa vertigem que dele se apossou e que até agora o transformaram num fazedor de asneiras, perfeitas, é claro.
O Velho continua a achar que todas as asneiras têm o seu tempo e cada tempo tem as suas asneiras.
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