Um dos dias que quando éramos
miúdos não passava despercebido era a sexta-feira num dia 13, como hoje. Sempre
se faziam referências ao “dá azar”. Na ingenuidade própria da idade acho que
tínhamos uma relação ambivalente com o “azar”, não acreditávamos nessas coisas
mas, à cautela, era melhor estar atento. Depois passámos à brincadeira, do “não
sou supersticioso porque … dá azar”.
No entanto …
Era uma vez um homem chamado
Azarado. Toda a sua vida foi um conjunto de circunstâncias desencontradas.
Nasceu numa sexta-feira dia 13. Nasceu rapaz e os pais desejavam uma rapariga e
nasceu no meio do Verão contrariando o esforço de planeamento dos pais que o
queriam no Inverno.
Na escola o Azarado sempre encontrou
os professores menos simpáticos e não havia jogo que conseguisse ganhar. Nos
testes acontecia sistematicamente que esperava por umas questões e apareciam
outras. O Azarado desesperava, é que não se pode saber tudo e ele nunca
acertava.
A rapariga mais bonita que ele
conheceu e por quem sentia uma paixão tão grande como aquelas que vêm nos
livros, não lhe ligava nem um bocadinho, era com se ele não existisse. No
entanto, tinha que fugir de uma miúda que o adorava mas de que ele só gostava
ao longe, muito ao longe.
Na sua profissão, vendedor de
Projectos, perdeu a grande oportunidade porque furou a caminho da entrevista
que mudaria a sua vida.
O Azarado apresentou um dia a
mulher ao seu colega mais amigo. Desse encontro, resultou um amor que o deixou sem
mulher e sem amigo.
Viveu só o resto dos dias, sempre
em desencontro com as circunstâncias. Uma manhã, o Azarado não acordou.
As pessoas que o conheciam comentaram, “Que sorte
a do Azarado, ficou-se que nem um passarinho”.
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