No programa Sexta às 9 de ontem a
que não assisti passou um trabalho sobre a questão dos manuais escolares. Do
resumo que hoje vi na RTP1 registo algumas novidades e acrescento umas notas.
É uma novidade que o mercado dos
manuais escolares é tremendamente agressivo e os seus operacionais distribuem
ofertas pelos professores procurando seduzi-los para a aprovação dos manuais.
É uma novidade que o mercado dos
manuais escolares produz alterações mínimas em edições sucessivas promovendo a
aquisição dos "novos" manuais escolares mesmo que ainda estejam na janela temporal da sua aprovação.
É uma novidade que os donos do
mercado dos manuais escolares resistem à gratuitidade dos mesmos até com a
opinião de doutos constitucionalistas expressa em pareceres encomendados …
pelos donos do mercado.
É uma novidade que a gratuitidade
dos manuais escolares é prática em muitos países tal como a reutilização sem
que daí advenham queixas de professores, alunos ou pais.
É uma novidade que alguns
representantes dos pais têm discursos ambíguos, por assim dizer, face à
reutilização. Certamente sem qualquer relação com os discursos esses
representantes dos pais têm como parceiros … os donos do mercado dos manuais
escolares.
É também uma novidade que a Constituição
da República Portuguesa dispõe no Artº 74º (Ensino): “Na realização da política
de ensino incumbe ao Estado: a) Assegurar o ensino básico universal,
obrigatório e gratuito.
É também verdade que certamente
por opção didáctica das editoras, os manuais escolares são na quase totalidade construídos
de forma a inibir a sua reutilização permitindo, por exemplo, que neles os
alunos possam escrever.
É ainda verdade que neste mercado
há que considerar imensidade de acessórios, cadernos, fichas, CDs, etc. que,
naturalmente, têm os seus custos.
É ainda de considerar a excessiva
“manualização” do ensino ligada a práticas pedagógicas pouco diferenciadas
muito decorrentes de conteúdos curriculares demasiado extensos, prescritivos e
normalizadores. Seria desejável atenuar a fórmula predominante, o professor
ensina com base no manual o que o aluno aprende através do manual que o pai
acha muito importante porque tem tudo o que professor ensina.
Finalmente, uma outra “novidade”,
os donos dos mercados dos manuais escolares, os grupos Porto Editora e Leya
facturaram 45 2 22 milhões de euros respectivamente com este mercado, os
manuais escolares.
Este último dado ajuda perceber
tudo.
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