quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

OS NOMES QUE DAMOS

Anualmente ficamos a saber que nomes os pais entendem que devemos chamar aos que vão nascendo e também neste aspecto em 2016, sem surpresa, se registam algumas mudanças.
Nas raparigas a tradição ainda é o que era, Maria é o nome mais atribuído, Matilde mantém-se e desce a escolha de Leonor, Mariana e de Carolina. No entanto, Lara ultrapassou Joana e Luana, Camila e letícia foram mais escolhidos que Luísa isabel ou Bárbara. Paula, Sandra ou Lurdes quase deixam de ser escolhidos.
De registar ainda o aumento de nomes pouco usuais, Yasmin, por exemplo.
Nos rapazes verifica-se alteração no topo, Santiago foi o nome mais escolhido perdendo João o primeiro lugar. Francisco mantém o terceiro lugar e a escolha de Martim foi revista em baixa. Registo a baixa escolha do portuguesíssimo José.
Devo dizer que tenho vindo a ficar um pouco inquieto com o rumo que a coisa parece tomar. Um mundo sem “Sónias Andreias”, sem “Cátias Vanessas”, sem “Sandras Cristinas”, sem “Tatianas”, sem “Fábios”, sem “Mauros”, vai ser certamente um mundo diferente. Também em trabalhos anteriores sobre esta matéria se registava já a tentativa de sofisticar um pouco as escolhas, mantém-se o popular João, mas temos o Rodrigo, o Martim, o Tomás, o Santiago, o Salvador, a Mariana, a Matilde entre outras que nos garantem, enfim, outra apresentação.
Mas o que me deixou mais apreensivo face a esta questão, é que, recordando um trabalho também sobre esta matéria há algum tempo divulgado, parece notar-se que o povo está mesmo a voltar as costas aos nossos mais gloriosos nomes, sobretudo nos rapazes, nomes como Manuel, António, José, Paulo, Carlos, etc. estão em queda. Será que vamos deixar de ter um Carlos Jorge, um António Manuel, um Manuel Carlos, um José Manuel, um António João, um Paulo Jorge, tudo nomes na nossa melhor tradição?
Até nos nomes! Estão a mexer com a nossa identidade.
É certo que existem uns nomes que todos os dias, em voz mais alta ou mas baixa, chamamos a alguém e que se mantêm e manterão, aí a tradição ainda é o que era, felizmente.
Por outro lado, considerando os nomes que se chamam e de que as pessoas não gostam, uma pequena história que há tempos aqui deixei.
"Gosto quando me chamam. Às vezes, muitas vezes, não me chamam.
Outras vezes chamam-me nomes que não são meus. Os crescidos chamam-me preguiçoso, distraído, parvo, bebé, coitadinho e outros nomes, sempre nomes que não são meus.
Os outros miúdos chamam-me badocha, gordo, bolacha, caixa de óculos, def e outros nomes, sempre nomes que não são meus.
Eu acho que as pessoas, todas as pessoas, só deviam ter um nome, o seu."

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