A ex-ministra da educação, Maria
de Lurdes Rodrigues assina hoje no DN um texto de opinião com o estimulante
título, “O meu filho vai chumbar. O que devo fazer?”. O texto centra-se na
análise e reforço da ineficácia genérica da retenção na melhoria dos resultados
escolares para além dos efeitos negativos que comporta. Sugere também algumas
alternativas com efeitos mais positivos para minimizar o ainda enorme
número de alunos que todos os anos chumba em Portugal.
No final, achei particularmente
comovedor e com grande potencial uma referência de aconselhamento parental que Maria de Lurdes
Rodrigues refere realizar com frequência, “O meu filho vai chumbar. O que devo fazer? A pergunta tem-me sido colocada muitas vezes. A minha resposta aos pais é invariavelmente a mesma: chumbar não faz bem, não contribui para recuperar amanhã o que hoje se desiste de recuperar. Façam tudo o que puderem para evitar que a criança chumbe.”
Não temos a continuidade mas é de
prever que os pais … façam. Não sabemos exactamente o quê e como, pois, como é
sabido, os alunos chumbam por decisão e responsabilidade dos pais.
A ex-ministra da educação continua
a sua caminhada no sentido de iluminar a educação em Portugal algo que
manifestamente não conseguiu na sua passagem pela 5 de Outubro.
Como já tenho referido, em
Portugal verifica-se uma estranha e curiosa situação, muitos ocupantes de
funções políticas relevantes após terminarem essas funções apresentam sempre
uma visão muito clara do que deve ser a política na área de que foram
responsáveis mas que, por incompetência, falta de poder, visão diferente ou
qualquer outra justificação, não realizaram. É o que eu chamo a Síndrome
Pós-ministério, ou seja, é assim que se deve fazer mas na altura, não me
lembrei, não soube, não fui capaz ou ...
Na educação temos vários
exemplos.
É verdade que as políticas
educativas que se seguiram foram em muitos aspectos absolutamente deploráveis e
devastadoras. Embora exista a ideia de que "atrás de mim virá quem bom de
mim fará" importa não esquecer que Maria de Lurdes Rodrigues subscreveu
medidas de política educativa que mereceram, merecem, profundas críticas e não
podem ser esquecidas ou branqueadas pela eventual justeza das opiniões que tem vindo a divulgar. É apenas isto que está em jogo e que expressei em textos anteriores.
Uma nota para referir que, de
facto, o texto está em linha com o que também eu tenho escrito por aqui sobre a
questão do “chumbo”, folgo como esse entendimento e com opiniões que me pareçam
correctas, mas a história é algo de importante e o tempo não faz esquecer tudo.
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