O ME decidiu que entre 3000 e 3200 docentes contratados vão, finalmente, integrar os quadros.
A decisão é positiva, não vou
discutir a justeza do número pois como já escrevi frequentemente, as
necessidades de docentes do sistema educativo constituem uma questão complexa e
com múltiplas variáveis que deve ser tratada pelos vários intervenientes de forma séria, competente e
serena o que não tem acontecido .
Para além das oscilações da
demografia que têm sido abordadas de forma habilidosa e não justificam a saída de
dezenas de milhares de professores nos últimos anos, entre essas variáveis
destacam-se a criação dos insustentáveis mega-agrupamentos, mudanças
curriculares destinadas a poupar professores e o aumento de alunos por turma
que, não servindo a qualidade da educação, reduziu o número de lugares de
docentes e provocou uma longa marcha para fora a milhares de professores.
No entanto, sempre se manteve a
existência de milhares de professores contratados, alguns durante décadas, para
suprir eternas necessidades transitórias.
A contratação destes docentes é
uma decisão positiva e espero que o processo decorra com a maior justiça e transparência
Conhecendo os territórios
educativos do nosso país, sempre defendi fazer sentido que os recursos que já
estão no sistema, pelo menos esses, o que inclui os contratados com muitos anos
de experiência, fossem aproveitados, por exemplo, em trabalho de parceria
pedagógica, para possibilitar a existência em escolas mais problemáticas de
menos alunos por turma ou ainda que se utilizassem em dispositivos de apoio a
alunos em dificuldades. Estas medidas no âmbito de uma autonomia real das
escolas seriam possíveis e um contributo importante.
Os estudos e as boas práticas
mostram que a presença de dois professores na sala de aula são um excelente
contributo para o sucesso na aprendizagem e para a minimização de problemas de
comportamento bem como se conhece o efeito do apoio precoce às dificuldades dos
alunos. Também se sabe que programas de tutoria desenvolvidos com tempo e
recursos adequados são positivos e eficientes para lidar com estas duas
questões. É ainda verdade que para que muitos alunos como NEE não estejam "entregados" nas escolas mas incluídos com apoios adequados, com níveis de participação, aprendizagem e pertença são necessários recursos.
Sendo exactamente estas questões que mais afectam o nosso sistema educativo, talvez o investimento resultante da
presença de dois docentes ou de mais e melhores apoios aos alunos, bem como de programas de tutoria
com tempo e recursos, compense os custos posteriores com o insucesso, as medidas
remediativas ou, no fim da linha, a exclusão, com todas as consequências
conhecidas.
É só fazer contas. Em educação,
apesar da necessidade de contenção e combate ao desperdício não existe despesa,
existe investimento.
Sem comentários:
Enviar um comentário