"“Se os juízes do TC não aceitam a crítica, não têm condições para exercer o cargo”"
Vai subindo o tom da luta aberta
pelo Governo contra os juízes do Tribunal Constitucional por assumirem uma das
suas competências, defender, o quadro constitucional existente. O Governo
responsabiliza os Juízes pelos eventuais efeitos contrariar diplomas feridos de
inconstitucionalidade elaborados pelo Governo. É notável, o Governo pretende
legislar contra a Constituição e o Tribunal é responsável por não permitir.
Mais uma vez. Os
actores políticos conhecem muito bem os termos em que a Constituição
pode ser revista, sendo que até os próprios termos da revisão podem ser
alterados. Parece claro.
No entanto, enquanto não for
alterado o texto constitucional, os governos estão obrigados ao seu
cumprimento, parece evidente e desejável num estado que respeite as suas
próprias leis.
De uma vez por todas, se a Constituição
carece de alterações, alterem-na, enquanto não a alteram, cumpram-na.
No entanto, o Governo opta por
assumir uma atitude guerrilheira usando alguns generais para "discursos em
pose de Estado" e peões como o extraordinário Marco ou agora Teresa Leal Coelho
para o "dirty work", a diabolização dos juízes do TC. A Dra. Teresa
Leal Coelho até consegue ir mais à frente "se os Juízes não aceitam
críticas, não têm condições para o cargo. Já alguém ouviu alguma resposta vinda
do Tribunal aos ataques do Governo? Não, nem acredito que venha, como me parece
claro. Mas a Dra. Teresa "Leal" mostra isso mesmo, lealdade, e assume
"His master´s voice" o melhor que sabe.
O Primeiro-ministro, num registo
inaceitável, afirmou mesmo que é necessário "escolher melhor" os
juízes do Tribunal Constitucional, provavelmente terá razão, Assunção Esteves,
antiga Juíza do TC, é um manifesto "inconseguimento" mas acontece que
sendo os Juízes do TC indicados pelos partidos do "arco da
governabilidade" (claro!) as suas votações de inconstitucionalidade dos
diplomas do Governo nem sequer têm traduzido o alinhamento pelas
"cores" donde emanaram, o que é relevante. Passos Coelho segue a
velha ideia de que sendo má a mensagem, mata-se o mensageiro.
Deverá, assim, escolher-se
criteriosamente, os Juízes "amigos" que tenham um entendimento
"flexível" da Constituição, que pensem nos "interesses dos
investidores", que tenham um entendimento de estabilidade e democracia
semelhante ao do Governo, isto é, "decidimos assim não é para discutir é
para realizar", enfim, que deixem o Governo fazer o que entender,
independentemente do quadro constitucional a que está obrigado.
Na verdade, o enunciado de Passos
Coelho sobre a "má escolha" dos Juízes do TC acaba por ter uma
formulação reciclável, "os políticos que nos governam ou querem governar deveriam ser melhor
escolhidos", boa parte deles são produtos contrafeitos, de má qualidade,
sem arcaboiço ético ou competência, são sub-produtos das jotas partidárias e
hipotecados aos interesses de que se alimentam.
No entanto coloca-se uma enorme
questão ... onde estão as alternativas?
É por isto, também, que o cenário
político em Portugal é tão preocupante.
1 comentário:
Se o governo não estivesse imbuído de benignidade e boa disposição há muito tempo que o T C, no mínimo, estaria a avaliar a constitucionalidade do O E p/ 2014 no Forte de Caxias, Peniche ou num Tarrafal qualquer lançando ao mar dentro de uma garrafa a deliberação.
BEM-HAJA governo PSD/CDS-PP!!!
VIVA!
Enviar um comentário