"Projecto privado de combate ao insucesso escolar tem como horizonte chegar a todo o país"
Desde 2007, a Associação
Empresários pela Inclusão Social - EPIS tem em desenvolvimento em
algumas dezenas de escolas do país um programa de combate ao abandono escolar e
de promoção do sucesso que tem atingido resultados positivos e que hoje foram
de novo referidos num evento na Assembleia da República.
Estes resultados sustentaram o
desenvolvimento do programa noutros países da Europa.
A intervenção assenta na criação
de equipas de mediadores que promovem ou reconstroem, através de metodologias
diferenciadas, uma relação mais positiva com o contexto escolar por parte
de alunos em risco significativa de abandono e insucesso e das suas famílias.
Dados os constrangimentos conhecidos e ao que tem sido anunciado a
intervenção da EPIS envolverá menos alunos por falta de recurso.
Este modelo, a utilização de mediadores
na relação de alunos em dificuldade e as suas famílias com a escola, também tem
sido utilizado em projectos com resultados positivos desenvolvidos pelos
Gabinetes de Apoio ao Aluno e à Família, estruturas criadas em algumas escolas
no âmbito da acção do Instituto de Apoio à Criança.
A existência de uma figura de
mediação em contexto escolar, que transcende a função fundamental,
subvalorizada e subaproveitada do meu ponto de vista, do Director de Turma, com
o recurso a metodologias diferenciadas de trabalho com alunos, professores e
famílias é, reconhecidamente, um contributo muito importante para a qualidade
dos processos educativos e do trabalho de alunos e professores, diminuindo
riscos de insucesso e abandono.
Nesta perspectiva levanta-se uma
questão que me parece importante. A EPIS é uma associação de empresários que no
âmbito da responsabilidade social e mecenato apoiam o desenvolvimento destas
actividades em escolas públcas e o IAC é também uma estrutura exterior à
escola.
Por outro lado, na educação e
ensino públicos temos vindo a assistir a uma significativa dispensa de
professores à custa do aumento do número de alunos por turma do aumento do
trabalho, de mudanças curriculares com esse efeito, redução dos dispositivos de
apoio ou orientação desajustada quanto aos créditos horários para utilização
pelas escolas em modelos de apoio às dificuldades dos alunos .
Estes professores
"dispensados" e "descartáveis" poderiam com relativa
facilidade e formação desenvolver nas escolas o trabalho de mediação, por
exemplo, que estruturas e meios, muitas vezes exteriores à escola vêm realizar,
sendo que assim se abrangeriam as escolas públicas, todas as que necessitassem,
não apenas as "privilegiadas" que acedem aos projectos da EPIS ou
do IAC que também enfrentam dificuldades de manutenção.
A questão é que medidas desta
natureza implicam a defesa de uma escola pública para todos, algo que parece
cada vez mais fora da agenda do MEC, ou seja, é a própria escola pública que
está em risco de abandono pois não pode estar dependente da responsabilidade
social ou do mecenato das empresas.
2 comentários:
Na primeira pessoa, um professor do ensino superior que fez o mestrado há 22 anos porque tinha um o horário lectivo de meia dúzia de horas por semana, e assim progrediu na carreira.
http://www.omirante.pt/index.asp?idEdicao=54&id=73715&idSeccao=544&Action=noticia#.U6GnUChXhfU
Mais curioso é o que este Senhor Professor, do ensino superior público, não refere.
Desde logo, não refere preparar as aulas, nem atender os alunos.
Mais, não refere ter publicado um artigo científico, ao longo da sua já tão longa carreira no ensino superior…
Também, não refere a sua participação em congressos científicos, nem em conferências da mesma natureza.
Por outro lado, revela uma estranha concepção de um ensino superior público, que não carece dos mais habilitados academicamente, ou seja, de professores doutorados, ao que refere, “prevalencia” do tempo de “António Guterres como primeiro-ministro”.
O que não deixa de ser extraordinário, se recordarmos um candidato a primeiro-ministro que chegou ao Governo a prometer ao país cortar nas gorduras do Estado e que, anos volvidos, continua a tratar o ensino superior público, como se o mesmo qualitativamente fosse todo igual.
Enfim, haja abundância de recursos financeiros, porquanto as súbitas vocações para a docência no ensino superior público não cessam de nos surpreender, ainda que não tenham - grau académico - para tanto…
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