"Duas crianças de 12 anos esfaquearam colega em sacrifício para o "homem sem cara""
Nos últimos tempos são
recorrentes as notícias relativas a problemas sérios no âmbito das relações
interpessoais entre adolescentes e jovens, frequentemente noutras
paragens, mas também entre nós. Hoje é notícia algo de pouco comum, felizmente,
mas de uma violência brutal. Nos Estados Unidos, duas miúdas de 12 anos esfaquearam
repetida e gravemente uma outra colega ao que parece "influenciadas"
por uma personagem descoberta na net pela qual desenvolveram uma atracção
obsessiva.
Na verdade, dão demasiado
evidentes e frequentes os casos extremos de violência e abusos entre gente mais
nova o que nos leva a questionar os nossos valores, trabalho educativo (família,
escola e comunidade), códigos e leis pela perplexidade que nos causam. Esta situação é um exemplo extremo.
A questão que me leva de novo a
estas notas é mais no sentido de tentarmos perceber um processo que designo
como "incubação do mal" que se instala nas pessoas, muitas vezes logo
na adolescência, a partir de situações de mal-estar que podem passar
relativamente despercebidas mas que, devagarinho, insidiosamente, começam
interiormente a ganhar um peso insuportável cuja descarga apenas precisa de um
gatilho, de uma oportunidade.
A fase seguinte pode passar por
duas vias, uma mais optimista em que alguma actividade, socialmente positiva,
possa drenar esse mal-estar, nessa altura já desregulação de valores, ódio e
agressividade, ou, a outra via, aumenta exponencialmente o risco de um pico que
pode ser um tiroteio numa escola, a bomba meticulosamente e obsessivamente
preparada ou uma investida contra alguém arriscando a entrada numa espiral de
violência cheia de "adrenalina", em nome de coisa nenhuma a não ser
de um "mal-estar" que destrói valores e gente.
É evidente que a punição e a
detenção constituírem um importante sinal de combate à sensação de impunidade
perigosamente presente na nossa comunidade mas é minha forte convicção de que
só punir e prender não basta.
Assim, sabendo que prevenção e
programas comunitários e de integração têm custos, importa ponderar entre o que
custa prevenir e os custos posteriores da violência, da delinquência continuada
e da insegurança.
Finalmente, a importância de uma
permanente atenção às pessoas, desde pequenas, ao seu bem-estar, tentando
detectar, tanto quanto possível, sinais que indiciem o risco de enveredar por
um caminho que se percebe como começa, mas nunca se sabe como acaba.
Nos Estados Unidos ou em
Portugal.
Sem comentários:
Enviar um comentário