"OIT alerta para crescente risco de pobreza entre as crianças"
Segundo o INE, em Portugal e em 2012 a taxa de risco
de pobreza para os menores de 18 anos foi de 24.4% o que representa aumentando
face anos anteriores. Dito de outra maneira, uma em cada quatro crianças está
em risco de pobreza. Dados disponíveis sugerem um aumento. Recorde-se que entre
2009 e 2012 cerca de 500 000 crianças e jovens perderam o abono de
família.
Neste contexto e considerando as
dificuldades genéricas das famílias massacradas por situações de desemprego e
abaixamento dos rendimentos, via cortes ou ausência de apoios sociais não é
difícil imaginar o enorme risco de recurso às crianças e adolescentes, mas
também dos adultos, para situações de mendicidade e prostituição.
Apesar deste cenário, temos pela
frente a insistência insensível e insensata num caminho de cortes nas áreas
sociais e da educação, no corte insustentável no rendimento das famílias
produzindo diariamente novos pobres que já nem envergonhados se conseguem
sentir, tamanha é a desesperança que faz aparecer de mão estendida na
escola, nas instituições ou nas ruas. Aqui, por vezes, com o corpo à venda como
o Instituto de Apoio à Criança tem chamado a atenção.
Face a este drama dizem-nos não
haver alternativa. É mentira porque existem alternativas e é crime porque se
condena miúdos a passar a carências graves.
As dificuldades das famílias e o
que dessas dificuldades penaliza e ameaça os mais pequenos, é demasiado
importante para que não insistamos nestas questões. Todos os estudos e
indicadores identificam os mais novos como o grupo mais vulnerável ao risco de
pobreza que, aliás, tem vindo a aumentar.
As dificuldades que afectam
directamente a população mais nova são algo de assustador. Esta realidade não
pode deixar de colocar um fortíssimo risco no que respeita ao desenvolvimento e
ao sucesso educativo destes miúdos e adolescentes e portanto, à construção de
projectos de vida bem sucedidos. Como é óbvio, em situações limite como a
carência alimentar, exploração sexual, mendicidade, insucesso educativo,
estaremos certamente em presença de outras dimensões
de vulnerabilidade que concorrerão para futuros preocupantes
É por questões desta natureza que
a contenção das despesas do estado, imprescindível, como sabemos, deveria ser
feita com critérios de natureza sectorial e não de uma forma cega e apressada,
custe o que custar, naturalmente mais fácil mas que, entre outras
consequências, poderá empurrar milhares de crianças para situações de
fragilidade e risco com implicações muito sérias.
As palavras de Augusto Gil de 1909 estão tragicamente actualizadas.
(...)
Mas as crianças,
Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!..
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!..
(...)
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