"Mensagem do IAVE revolta correctores dos testes de Inglês!
Prossegue a deriva do exame de
Inglês. Após a constatação do atraso "sine
die" na divulgação dos resultados alegando a falta de professores
avaliadores, o Presidente do IAVE sob a parada e o despudor e vem agora dizer
que o problema é que os professores são uns mandriões, uma cambada de
preguiçosos.
Afirma o Conselho Directivo do
IAVE que “dos cerca de 1100 professores
envolvidos no processo apenas cerca de 400 têm cumprido com regularidade”
as funções, os outros "baldam-se".
É verdade que os professores não
estranham a habitual atribuição de responsabilidades sobre as fragilidades e
problemas do sistema educativo. Aliás, nem sequer percebo a indignação das
Associações representativas dos professores de Inglês. Com raríssimas
excepções, os professores, as direcções das escolas e agrupamentos, os alunos,
as famílias e os funcionários são mesmo as componentes mais fracas do sistema, são péssimos, preguiçosos e incompetentes. As políticas, as orientações, os
normativos e as estruturas da administração do MEC são geniais, infalíveis, acabando
por se tornar vítimas inocentes da malvadez de todos os outros actores. Já sabemos.
Recapitulando. O MEC numa
estranha PPP institui um exame de Inglês para os alunos do 9º ano e aberta
também aos do 10º, 11º e 12º.
Acontece que os professores
classificadores deste exame, professores de inglês obviamente, realizariam esta
tarefa, que envolve ainda um período de formação em regime de voluntariado. Ao
que parece, a apetência dos professores de inglês pelo voluntariado terá sido
revista em baixa, é de grande austeridade, pelo que faltaram os avaliadores. O
MEC desatou a pressionar as direcções
das escolas para forçar o "voluntariado" dos docentes o que vários
directores consideraram uma forma de pressão inaceitável,
mais um factor de instabilidade nas escolas e criou uma situação de difícil
gestão dada a sobrecarga de trabalho que implica nesta altura do ano, pelo que
não indicam “voluntários” ou fazem-no por receio de eventuais consequências.
O MEC não tem que promover o
voluntariado dos professores para que desempenhem as tarefas que entende
atribuir-lhes.
Acontece ainda que o exame
realizado não correspondeu ao nível esperado, B1, correspondente ao 9º ano, mas
ao nível A2, que corresponde ao 7º ano. O Instituto de Avaliação Educativa
afirmou que será assim por uma questão de prudência, justificação que me fez
recordar as recorrentes afirmações de Nuno Crato quando era opinador e se
insurgia contra "o facilitismo" dos exames para promover estatísticas
com melhor aspecto, por assim dizer.
Finalmente e ao que parece,
muitas famílias não terão solicitado o certificado do exame, uma outra
perplexidade. O MEC institui um exame obrigatório, com um nível
"facilitado" durante a escolaridade obrigatória. Se o aluno quiser o
respectivo certificado deverá pagar a módica quantia de 25 €, considerada pelo
IAVE uma "oportunidade única para obter um certificado reconhecido
internacionalmente a um preço simbólico”, pois no mercado “o preço normal deste
certificado é de cerca de 75/80 euros”, embora, como é habitual entre nós,
faz-se uma atençãozinha, os beneficiários do escalão de acção social mais
elevado ficam isentos de qualquer pagamento, os do segundo escalão pagam apenas
metade do valor.
Tenho umas dúvidas pequeninas,
este exame, assim, serve para quê? Para aferir se os resultados em Inglês dos
alunos do 9º ano ou de anos posteriores atingiram as competências do 7º ano?
Qual o valor desta certificação?
Porque é será que tudo isto deixa
uma enorme sensação de desconforto e estranheza?
Dá ainda para perceber com
clareza que a grande falha nesta história é mesmo a preguiça dos professores.
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