sexta-feira, 6 de junho de 2014

OS PROFESSORES, ESSES CALACEIROS

"Mensagem do IAVE revolta correctores dos testes de Inglês!

Prossegue a deriva do exame de Inglês. Após a constatação do atraso "sine die" na divulgação dos resultados alegando a falta de professores avaliadores, o Presidente do IAVE sob a parada e o despudor e vem agora dizer que o problema é que os professores são uns mandriões, uma cambada de preguiçosos.
Afirma o Conselho Directivo do IAVE que “dos cerca de 1100 professores envolvidos no processo apenas cerca de 400 têm cumprido com regularidade” as funções, os outros "baldam-se".
É verdade que os professores não estranham a habitual atribuição de responsabilidades sobre as fragilidades e problemas do sistema educativo. Aliás, nem sequer percebo a indignação das Associações representativas dos professores de Inglês. Com raríssimas excepções, os professores, as direcções das escolas e agrupamentos, os alunos, as famílias e os funcionários são mesmo as componentes mais fracas do sistema, são péssimos, preguiçosos e incompetentes. As políticas, as orientações, os normativos e as estruturas da administração do MEC são geniais, infalíveis, acabando por se tornar vítimas inocentes da malvadez de todos os outros actores. Já sabemos.
Recapitulando. O MEC numa estranha PPP institui um exame de Inglês para os alunos do 9º ano e aberta também aos do 10º, 11º e 12º.
Acontece que os professores classificadores deste exame, professores de inglês obviamente, realizariam esta tarefa, que envolve ainda um período de formação em regime de voluntariado. Ao que parece, a apetência dos professores de inglês pelo voluntariado terá sido revista em baixa, é de grande austeridade, pelo que faltaram os avaliadores. O MEC desatou  a pressionar as direcções das escolas para forçar o "voluntariado" dos docentes o que vários directores consideraram uma forma de pressão inaceitável, mais um factor de instabilidade nas escolas e criou uma situação de difícil gestão dada a sobrecarga de trabalho que implica nesta altura do ano, pelo que não indicam “voluntários” ou fazem-no por receio de eventuais consequências.
O MEC não tem que promover o voluntariado dos professores para que desempenhem as tarefas que entende atribuir-lhes.
Acontece ainda que o exame realizado não correspondeu ao nível esperado, B1, correspondente ao 9º ano, mas ao nível A2, que corresponde ao 7º ano. O Instituto de Avaliação Educativa afirmou que será assim por uma questão de prudência, justificação que me fez recordar as recorrentes afirmações de Nuno Crato quando era opinador e se insurgia contra "o facilitismo" dos exames para promover estatísticas com melhor aspecto, por assim dizer.
Finalmente e ao que parece, muitas famílias não terão solicitado o certificado do exame, uma outra perplexidade. O MEC institui um exame obrigatório, com um nível "facilitado" durante a escolaridade obrigatória. Se o aluno quiser o respectivo certificado deverá pagar a módica quantia de 25 €, considerada pelo IAVE uma "oportunidade única para obter um certificado reconhecido internacionalmente a um preço simbólico”, pois no mercado “o preço normal deste certificado é de cerca de 75/80 euros”, embora, como é habitual entre nós, faz-se uma atençãozinha, os beneficiários do escalão de acção social mais elevado ficam isentos de qualquer pagamento, os do segundo escalão pagam apenas metade do valor.
Tenho umas dúvidas pequeninas, este exame, assim, serve para quê? Para aferir se os resultados em Inglês dos alunos do 9º ano ou de anos posteriores atingiram as competências do 7º ano? Qual o valor desta certificação? 
Porque é será que tudo isto deixa uma enorme sensação de desconforto e estranheza?
Dá ainda para perceber com clareza que a grande falha nesta história é mesmo a preguiça dos professores.

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