sexta-feira, 6 de junho de 2014

O MEC NÃO CONFIA NOS PROFESSORES

"Profs investigados por vigiar prova na escola dos filhos"

A Inspecção-geral da Educação e Ciência está a investigar 17 "anomalias" registadas no último período de exames do 4º e do 6º ano.
A maioria dessas "anomalias" prende-se com o facto de alguns professores estarem ligados ao serviço de exames na escola em que os seus filhos frequentam. Sublinho que não parece estar em investigação qualquer tipo de "ajuda" inaceitável, mas apenas a situação de estarem ligados ao serviço de exames.
Não conheço o enquadramento legal destas matérias, aliás, nem sequer estou particularmente interessado, interessa-me mais reflectir sobre o significado deste tipo de procedimentos, a desconfiança inaceitável por parte do MEC relativamente ao sentido ético e deontológico da classe docente.
De facto, o MEC não confia nos professores, essa classe de energúmenos que passa o tempo a protestar. Obriga os miúdos a deslocarem-se para outra escolas, não deixa que os professores vigiem exames dos seus alunos e estabelece que os exames devem ser vigiados por docentes de matérias que não estão em exame.
Talvez fosse mais interessante que a Inspecção-geral da Educação e Ciência investigasse os apoios aos estabelecimentos de ensino privado e os interesses envolvidos, o cumprimento das suas próprias normas no que se refere ao número de alunos por turma, aos apoios aos alunos com necessidades educativas especiais, ao número de funcionários nas escolas, aos modelos desenhados no que respeita aos apoios educativos especializados, etc., etc.
Este discurso não assenta em qualquer visão idealizada ou branqueadora do que de inaceitável acontecerá envolvendo professores, mas reflectir sobre a demagogia e hipocrisia que informam muitas decisões em matéria de política educativa.

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