"Ministério da Educação fecha 311 escolas do 1.º ciclo no próximo ano lectivo"
É preciso insistir. Considerando os impactos que o encerramento dos equipamentos
sociais têm na desertificação do país e nas assimetrias de desenvolvimento, a
decisão de encerrar escolas não deve ser vista exclusivamente do ponto de vista
administrativo e económico, não pode assentar em critérios cegos e
generalizados, esquecendo particularidades contextuais e, sobretudo, não servir
como tudo parece servir em educação, para o jogo político, local ou nacional.
Por outro lado, em termos de qualidade dos processos
educativo, este movimento de reorganização da rede, de construção dos centros
escolares e da constituição de mega agrupamentos, em algumas circunstâncias com números completamente
comprometedores da qualidade não ocorre sem
riscos sérios.
De há muito que se sabe que um dos factores mais
contributivos para o insucesso, absentismo e problemas de disciplina
escolar é o efectivo de escola. Não é certamente por acaso, ou por
desperdício de recursos, que os melhores sistemas educativos, lá vem a
Finlândia outra vez, e agora os Estados Unidos ou o Reino Unido na luta pela
requalificação da sua educação, optam por estabelecimentos educativos que não
ultrapassam a dimensão média de 500 alunos. Sabe-se, insisto, de há muito, que
o efectivo de escola está mais associado aos problemas que o efectivo de turma,
ou seja, simplificando, é pior ter escolas muito grandes que turmas muito
grandes, dentro, obviamente dos limites razoáveis. É certo que o MEC faz o
pleno, aumenta o número de alunos por escola e o número de alunos por
turma. Como é hábito o Ministro Nuno Crato cita ou ignora estudos,
experiências e especialistas, nacionais ou internacionais, conforme a
agenda que lhe é favorável.
As escolas muito grandes, com a presença de alunos com
idades muito díspares, são autênticos barris de pólvora e contextos educativos
que dificilmente promoverão sucesso e qualidade apesar do esforço de
professores, alunos, pais e funcionários. Recorrentes episódios e relatos de
professores sustentam esta afirmação.
Por outro lado, a experiência já conhecida mostra casos de
distâncias grandes entre a residência dos miúdos e
os centros escolares, levando que devido à difícil gestão
dos transportes escolares, os miúdos passem tempos sem fim nos centros
escolares, experiência que não é fácil, sobretudo para os miúdos mais pequenos.
Em síntese, aprece-me razoável que algumas escolas do 1º
ciclo sejam encerradas mas com critérios não exclusivamente burocratizados e
administrativos, como a análise simples do número de alunos.
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