"Lançado portal para ajudar alunos a escolher cursos superiores"
O MEC vai colocar disponível um Portal Infocursos destinado
a ajudar os alunos no processo de escolha do seu trajecto no Ensino Superior.
Não conheço os conteúdos mas, segundo a imprensa, a informação disponível será
significativa.
De facto, aproxima-se o início do processo de candidatura ao
ensino
e esta questão vai entrar na agenda. O MEC tem vindo assumir maior relevo na
regulação da oferta e, com alguns critérios discutíveis, o número de vagas
disponíveis tem vindo a descer embora se mantenha ainda uma enorme e
diversificada oferta.
No entanto, do meu ponto de vista, para além da
imprescindível racionalização da rede, envolvendo ensino superior universitário
e politécnico e público e privado coloca-se sempre o problema da escolha e
dos critérios a considerar em caso de dúvidas. Algumas notas sublinhando desde
logo a importância da formação qualificada e da preocupação com o facto de
apenas 56% dos alunos matriculados nos exames do 12º manifestarem a a intenção
de prosseguir estudos no superior.
A questão mais colocada pode assim ser enunciada, os jovens
deverão seguir a sua motivação e interesse, ou a escolha deve obedecer ao que
se conhece do mercado de trabalho, isto é, nível de empregabilidade e saídas
profissionais?
Para muitos de nós, provavelmente, a resposta será fácil,
seja num sentido ou no outro. Alguns dirão que cada jovem deve, obviamente,
seguir o seu desejo, o seu gosto, só assim se realizará. Ideia romântica e sem
noção da realidade que corre o sério risco de desembocar no desemprego, dirão
outros para os quais a escolha deve ser racional, pragmática, realista, o jovem
deve procurar uma formação que lhe garanta, tanto quanto possível, saída
profissional e para isso deve "estudar" o mercado e assim proceder à
escolha. Os primeiros acharão que este entendimento pode levar a um risco de
frustração e desencanto que podem instalar-se em quem "faz o que não
gosta".
Na verdade não será fácil a escolha para muitos jovens a que
acresce, frequentemente, a pressão familiar ou de outras pessoas para a
"escolha acertada".
Dito isto, sou dos que entendem que cada um de nós deve
poder escrever, tanto quanto as circunstâncias o permitirem, a sua narrativa,
cumprir o seu sonho. Por outro lado, a vida também nos ensina que é preciso
estar atento aos contextos e às condições que os influenciam, sabendo ainda a
volatilidade e rapidez com que hoje em dia a vida acontece.
Nesta perspectiva, parece-me importante que um jovem,
sabendo o que a sua escolha representa, ou pode representar, nas actuais,
sublinho actuais, condições do mercado de trabalho, faça a sua escolha assente
na sua motivação ou no projecto de vida que gostava de viver e, então,
informar-se sobre opções, sobre as escolas e respectivos níveis de qualidade.
Finalmente, do meu ponto de vista, boa parte da questão da
empregabilidade, mesmo em situações de maior constrangimento, relativiza-se à
competência, este é o ponto fulcral.
Na verdade, o que frequentemente me inquieta é a ligeireza
com que algumas pessoas parecem encarar a sua formação superior, assumindo logo
aqui uma atitude pouco "profissional", cumprem-se os serviços mínimos
e depois logo se vê. O caso de Miguel Relvas é apenas um exemplo extremo deste
entendimento, a formação não é um conjunto de saberes e competências, é um
título que se cola ao nome.
Mesmo em áreas de mais baixa empregabilidade, ou assim
entendida, continuo a acreditar que, apesar dos maus exemplos que todos
conhecemos, a competência e a qualidade da formação, pessoal e profissional, e preparação para o
desempenho profissional, são a melhor ferramenta para entrar nesse
"longínquo" mercado de trabalho.
Dito de outra maneira, maus profissionais terão sempre mais
dificuldades, esteja o mercado mais aberto ou mais fechado.
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