quarta-feira, 25 de junho de 2014

MEGA ESCOLAS = MEGA PROBLEMAS

Voltando ao Relatório TALIS (Teaching and Learning International Survey) de 2013, produzido pela OCDE, agora conhecido, retomo um aspecto que me parece de enorme relevância, o número de alunos por escola.
Portugal apresenta um número médio de alunos por escola, 1152, que é mais do dobro da média dos países da OCDE, 546.4. Notável.
De há muito que me refiro aos riscos da política de construção de mega-agrupamentos e mega-escolas que se subordinam a lógicas de contabilidade e gestão política do sistema diminuindo o número de direcções escolares.
É conhecido e reconhecido que um dos factores mais contributivos para o insucesso, absentismo e problemas de disciplina escolar é o efectivo de escola. Não é certamente por acaso, ou por desperdício de recursos, que os melhores sistemas educativos, lá vem a Finlândia, só para citar outra vez um exemplo recorrentemente apresentado como referência de qualidade, mas também outros países, veja-se o quadro da pg. 285 do Relatório, que optam por escolas com dimensões médias da ordem dos 500 alunos.
Sabe-se, insisto, de há muito, que o efectivo de escola está mais associado aos problemas que o efectivo de turma, ou seja, simplificando, é pior ter escolas muito grandes que turmas muito grandes, dentro, obviamente dos limites razoáveis. 
É certo que o MEC faz o pleno, aumenta o número de alunos por escola e o número de alunos por turma, como é hábito o Ministro Nuno Crato cita ou ignora estudos, experiências e especialistas, nacionais ou internacionais, conforme a agenda que lhe é favorável.
As escolas muito grandes, com a presença de alunos com idades muito díspares, são autênticos barris de pólvora e contextos educativos que dificilmente promoverão sucesso e qualidade apesar do esforço de professores, alunos, pais e funcionários. Recorrentes episódios e relatos de professores sustentam esta afirmação.

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