"Recta final para os exames: o que devem os alunos comer?"
De há uns tempos para cá o universo
da educação é ciclicamente abanado por algo a que podemos chamar "os exames".
De facto, sobretudo com o
Ministro Nuno Crato, um homem que parece ter uma relação fetichista ou mágica
com os exames, chegada a altura as escolas entram em modo exames e é o "tudo"
da vida de professores, alunos e famílias.
Este "tudo", como é
evidente, sai das escolas, entra pela casa dos alunos inquietando as famílias,
pelos centros de explicações, naturalmente, e chega também à comunicação social.
Os exames são o grande tema de
conversa, a bondade da sua realização, o calendário, os efeitos, as condições
de realização, a sua maior ou menor dificuldade
e adequação, os resultados e finalmente os rankings. Depois resta aguardar por
novo ciclo.
Também a comunicação social tem
acompanhado este "tudo". Regularmente em cada época temos trabalhos
sobre o comportamento a adoptar por alunos, as estratégias de preparação, a actuação
dos pais, etc. Eu próprio tenho algumas solicitações frequentes no sentido de
contribuir para estas abordagens.
No entanto, o "tudo"
que os exames passam a ser não se confinam aos aspectos mais próximos da vida
escolar. O "tudo" dos exames chega, teria de chegar, a tudo o que diz respeito aos
alunos.
No Público de hoje vem uma
extensa peça sobre os cuidados de alimentação a ter na época de exames. Devo
confessar que vejo isto com alguma perplexidade.
Não está em causa, evidentemente,
a qualidade da alimentação de crianças e jovens, um problema de todos os dias e
não da época de exames. O que me assusta é este discurso excessivo, centrado
nos exames que, do meu ponto de vista, por melhor intencionado que seja, corre
o risco de fazer parte do problema e não parte da solução. Estou a imaginar alguns
pais mais extremosos e ou preocupados com a excelência dos resultados escolares a
estabelecerem "Programas alimentares" ou "Dietas" que obrigarão os seus
filhos a cumprir escrupulosamente como
meio para atingir o sucesso nos exames.
Querendo colaborar e no mesmo sentido talvez seja
necessário estar atento ao tipo de música que os alunos ouvem quando estudam
(se ouvirem música é claro). Não deverá ser uma música qualquer, deverá ser uma
música que potencie a aprendizagem e que promova a concentração.
Já agora parece importante pensar
na roupa que usam, deve ser confortável, não muito apertada para não dificultar
a circulação sanguínea, nem muito larga que o implica andar sempre a compô-la e a
perder tempo.
Merece ainda reflexão a qualidade
dos ambientes de estudo, a cor das paredes, a iluminação, o mobiliário, a
qualidade acústica e térmica dos espaços, etc.
Uma outra variável que poderá ser
controlada será o estudo "acompanhado". Talvez seja de sugerir que
cada aluno só estude com outros alunos mais competentes (com os melhores é que
se aprende, dizem), nada de estudar com amigos chegados e, muito menos, com
namorados ou namoradas. Podem ser uma fonte de distracção "fatal".
Bom, mais a sério, como muitas
vezes tenho escrito e defendido publicamente, não tenho nenhuma convicção de
que os exames, muitos exames, só por existirem e nos termos em que existem,
melhorem a qualidade, longe disso. Mas sempre tenho dito que a generalidade dos
miúdos, mais pequenos ou mais crescidos, lidam com os exames com alguma
serenidade.
Os discursos de muitos adultos,
pais ou professores, e a forma como é referido e analisado este
"tudo", os exames, é que podem constituir-se como fontes de instabilidade.
Estou a lembrar-me dos Pink Floyd, "Deixem
as crianças em paz".
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