"Carlos Fiolhais acusa Governo de liquidar a ciência em Portugal"
Na sequência de mais um controverso processo, a avaliação
dos centros e laboratórios de investigação, o Professor Carlos Fiolhais vem
afirmar que a Fundação para a Ciência e a Tecnologia e o Ministério da Educação
e Ciência “estão a liquidar” a ciência em Portugal, criticando fortemente o
modelo de avaliação e classificação utilizados e os cortes de financiamento
resultantes dessas classificações. O Governo “está a matar a árvore do
desenvolvimento”, referiu Carlos Fiolhais.
Na verdade, está estudada e reconhecida de há muito a
associação fortíssima entre o investimento em educação e investigação e
o desenvolvimento das comunidades, seja por via directa, qualificação
e produção de conhecimento, seja por via indirecta, condições económicas,
qualidade de vida e condições de saúde, por exemplo.
Com o desinvestimento fortíssimo no ensino superior e
investigação que tem vindo a verificar-se e vai continuar, corremos o sério
risco de ver ameaçados e destruídos os excelentes resultados que os centros, laboratórios e
unidades de investigação e as instituições de ensino superior têm vindo a
alcançar e que atestam o esforço e a competência da comunidade científica portuguesa
e o trabalho realizado no âmbito do ensino superior e investigação, traduzidos
no reconhecimento internacional das nossas instituições.
Como em quase tudo é uma questão de escolhas e prioridades
de quem lidera. O problema como referia também o Professor Sobrinho Simões
num entrevista de há algum tempo sobre estas questões é que "os nossos
políticos têm um problema ... alguns não se apercebem do valor do ensino
superior e da investigação".
A negrura crática que cai sobre a investigação vai ter
consequências brutais em termos de desenvolvimento científico e
económico para além, evidentemente, do impacto nas carreiras pessoais assim
ameaçadas de milhares de pessoas que investigam, criam conhecimento, promovem
desenvolvimento e que, provavelmente, desistem ou emigram.
E assim se destrói uma política científica que vinha a
produzir resultados positivos.
1 comentário:
O Instituto Politécnico de Santarém segue de vento em popa.
Desta feita, com mais uma licenciatura na Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém em redes sociais.
http://www.oribatejo.pt/2014/06/30/politecnico-de-santarem-com-primeira-licenciatura-em-redes-sociais/
Vejamos contudo o testemunho, na primeira pessoa, da esterilidade do solo em que se semeou uma parte significativa do ensino superior público.
http://www.omirante.pt/index.asp?idEdicao=54&id=73715&idSeccao=544&Action=noticia#.U6GnUChXhfU
Desde logo, pelo que este Sr. Professor, do ensino superior público, não refere…
Vejamos pois, o que não refere.
Não refere preparar as aulas, nem atender os alunos.
Mais, não refere ter publicações de natureza científica. Com uma já longa carreira no ensino superior, não refere a publicação de nem 1 artigo científico…
Também, não refere a sua participação em congressos científicos, nem em conferências da mesma natureza.
Igualmente, não refere a orientação de teses, a participação em júris conferentes de grau académico, nem ser titular do grau académico de doutor.
Por outro lado, é significante que refira que fez o mestrado há 22 anos porque tinha um horário lectivo de meia dúzia de horas por semana, e assim progrediu na carreira…
Cerca de duas décadas volvidas, a descrição que faz da actividade docente é assaz cruel, horário lectivo por volta das 14 horas semanais, reuniões, elaboração e correção de testes e a investigação.
Mas, não referindo ter publicado uma linha científica, ter participado numa conferência científica ou num congresso, o que investiga então este Sr. Professor? E, qual a relevância dessa sua investigação para o conhecimento científico, onde são absolutamente irrelevantes investigações desconhecidas…
Entre o que refere, e o que não refere, estará a explicação porque trabalhava mais na actividade privada…
Ainda que, eventualmente, então auferisse um salário mais elevado na actividade privada, por 10 horas de trabalho diário, por demostrar está que ganhasse mais na actividade privada.
Será que a actividade privada remunerava um licenciado pela docência no ensino superior, a meio tempo, de forma tão generosa como certamente o ensino superior público o remunerou.
Aliás, é notável - com o currículo académico que refere - que tenha uma carreira no ensino superior público, onde aufere remuneração equivalente à de professor universitário, sem sequer ter obtido o Doutoramento, grau académico habilitante do ingresso na carreira docente universitária.
Acresce, perfilhar que o ensino superior (politécnico) não carece de professores doutorados, ou seja, dos mais habilitados academicamente. Ao que diz, ser uma “prevalência” do tempo de “António Guterres como primeiro-ministro”. À qual, defendendo a bondade das contratações de não doutorados, enquanto esteve no Conselho Directivo, não terá dado grande acolhimento. Tal o desconchavo, que confessa a reserva da disciplina de fiscalidade para inspetores de finanças…
O que não deixando de ser extraordinário, segue a orientação do Governo, em funções, que já na recta final do seu mandato, continua a tratar o ensino superior público, como se o mesmo qualitativamente fosse todo igual…
Embora, na campanha eleitoral o Sr. Dr. Passos Coelho tenha prometido cortar nas gorduras do Estado, alcançada a chefia do executivo prontamente esqueceu a tão necessária reforma do Estado, avançando para cortes indiscriminados, sem cuidar se corta músculo, osso, ou mesmo órgão vital.
Assim, não racionalizando a rede de estabelecimentos de ensino superior público, cortou as verbas às universidades públicas de referência, como a Universidade de Lisboa, a do Porto ou de Coimbra.
Mas, como compreender que a opção deste Governo tenha sido a de asfixiar as universidades públicas de referência, e de não racionalização da rede de estabelecimentos de ensino superior público…
Nesta matéria, quem viu claro foi o Sr. Reitor da Universidade de Lisboa.
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=675024
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