É surpreendente. Pode ler-se no Público que um estudo elaborado pela empresa espanhola de brinquedos Imaginarium envolvendo 1800 famílias de seis países conclui que os pais portugueses são aqueles que mais tempo dedicam a brincar com os seus filhos.
Não vou discutir outras conclusões que podem encontrar-se pois a informação sobre a natureza do estudo não é suficiente para essa análise. Apenas umas notas breves sobre a conclusão geral, os pais portugueses são os que brincam mais tempo com os filhos quando comparados com os pais de Espanha, Itália, Alemanha, México e Hong Kong.
Esta conclusão não é compatível com os dados que se encontram nos estudos realizados em Portugal sobre a forma como as crianças ocupam os seus tempos livres. Boa parte destes é ocupada frente a um ecrã e não em actividades de brincadeira desenvolvidas com os pais.
Relembro até que há algum tempo um trabalho divulgado no Expresso que agora não consegui localizar, referia que segundo um estudo internacional apresentado em Lisboa, as crianças portuguesas são as que brincam menos tempo com os pais, isto é, 6% das crianças afirmam brincar diariamente com os pais enquanto nos outros oito países temos cerca de 20%. De forma coerente, também se constatou que o tempo destinado a ver TV nas crianças portuguesas é cerca do dobro do que se verifica nos outros países.
Temos pois estudos para todos os gostos, não é estranho.
Entre estes estudos existe uma diferença fundamental, um inquiriu pais, não temos informação sobre que tipo de pais e outro inquiriu crianças de que também não temos informação.
Neste cenário embora gostasse de acreditar que o estudo citado no Público dará um retrato fiel e fiável da realidade genérica nas famílias portuguesas continuo convencido de que na verdade os pais, muitos pais, demasiados não pais, não brincam muito tempo com os filhos, poucos porque não querem ou não acham importante e muitos porque não podem.
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