Hoje, ao ler a intervenção de Eduardo Lourenço na homenagem ao arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles a quem considerou pela sua "criação de paraísos" um "jardineiro de Deus", lembrei-me de outros jardineiros e jardineiras, os de miúdos.
Fröebel, uma figura importante entre os que dedicaram a sua vida e obra aos miúdos, é considerado o inspirador da educação pré-escolar. Na segunda metade do século XIX criou na Alemanha o que é considerado a primeira resposta educativa estruturada destinada aos mais pequenos. Fröebel, numa perspectiva indiciadora do seu pensamento, designou esta instituição por "Kindergarten", "jardim de crianças", jardim de infância ou jardim infantil como hoje são conhecidas estas instituições.
Tal como na formulação de Eduardo Lourenço acho muito bonita a ideia definida por Fröebel e inspiradora de muitas das práticas desenvolvidas em educação pré-escolar, "jardinar" as pessoas em crescimento, cuidar da qualidade do seu crescimento. Como todos hoje reconhecemos, a qualidade dos percursos das crianças nas primeiras idades é essencial para o seu futuro, quase tudo o que nos marca e nos fundamenta passa por estas idades.
Deste entendimento, resulta a importância por vezes vista de forma aligeirada do trabalho desenvolvido pelos jardineiros e jardineiras de crianças, educadores e professores, os que, para além dos pais, cuidam dos miúdos nos primeiros anos.
Estas jardineiros e jardineiras não têm como função tomar conta das crianças, é por demais importante o que realizam no trabalho diário de jardinagem, alimentam, cuidam, gostam, conversam, brincam, ensinam, organizam, estimulam, limitam, etc., tarefas que dão sustento às irredutíveis necessidades dos miúdos na fala de Brazelton, outra figura maior deste universo.
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