sábado, 10 de dezembro de 2011

OS MEUS FERRARIS

Chegados que estamos ao espírito natalício, independentemente da situação particular deste ano, surgem as inevitáveis reportagens sobre as compras que animam e suportam o espírito natalício. É claro que as pessoas se queixam e afirmam a ideia de contenção sublinhando com frequência que “é um brinquedo para os miúdos e pouco mais que a vida está cara”.
A referência ao “brinquedo para os miúdos” fez-me andar para trás, coisa de velho é claro, e lembrei-me dos meus Ferraris, é verdade dos meus Ferraris. Não fiquem com inveja pois é sentimento pouco compatível com o espírito natalício mas é verdade, eu tinha uma frota de Ferraris e arranjava quantos quisesse. Não, não tinha família rica e tampouco estou a delirar.
Uma das brincadeiras que mais nos ocupava o tempo para além do futebol na rua, outros tempos já se vê, era as corridas de carros nos lancis dos passeios. Os carros eram simplesmente tampas de garrafas de refrigerantes e de cerveja, as famosas caricas, que impulsionadas com o dedo e jogadas à vez por cada jogador tinham de cumprir longos percursos de vários metros na beira do passeio sempre bem por cima do lancil. Sempre que uma carica era impulsionada e saía do lancil, ficava onde tinha jogado até à próxima vez. Realizavam-se renhidíssimas corridas e desculpem a imodéstia, era um excelente piloto e estava muito bem servido de máquinas. É certo que as preparava bem, tirava aquele revestimento interior que as caricas traziam e substituía por massa de vidro que tornava a carica mais pesada e o lançamento com o dedo mais fiável e eficaz. Tinha a minha frota pintada de vermelho, como sabem Ferrari que é Ferrari é vermelho, fazia um sucesso mas, como é evidente, o segredo estava na condução.
Eram assim caros os brinquedos num tempo em que ainda não tinham inventado o espírito natalício mas também conhecíamos a crise, várias crises.

1 comentário:

anónimo paz disse...

O tempo em que o Prof. era piloto da Ferrari é bastante posterior ao meu.

Pelos vistos temos algo em comum pois eu também fui piloto e derreti muito lancil de passeio, não era de uma marca conceituada como a Ferrari mas sim de marca Amarela.

No meu tempo não havia as tecnologias avançadas da massa de vidro e o mais utilizado era a casca de laranja comprimida na carica de modo a encher o interior da mesma para lhe dar o peso necessário para não derrapar e sair da pista.

Pistas era o que não faltava. Na rua da minha infância (aproximadamente 300 M de comprimento em Lisboa!!!) apenas havia um carro estacionado propriedade de um enfermeiro da Marinha.Era uma rua Polivalente pois tanto era pista, campo de futebol ou ringue de hoquei sem
patins.

Quanto à minha destreza na condução não me recordo absolutamente nada e não há taças ou fortuna que possa reavivar-me a memória.

Fico-me por aqui brincando com outras memórias de infância.


saudações