A propósito da notícia sobre a decisão do MEC de proceder à revisão das chamadas metas curriculares, retomo um texto que sobre esta questão aqui tinha colocado há algum tempo.
O Mestre João dos Santos, a quem tarda uma homenagem com significado nacional, dizia, cito de memória pelo privilégio de o ter ouvidos muitas vezes, que em educação o difícil é trabalhar de forma simples, é mais fácil complicar mas, obviamente, menos eficaz, menos produtivo e muito mais desgastante.
Vem esta introdução a propósito do Programa de Português para o Ensino Básico que assenta num documento, “Currículo Nacional para o Ensino Básico – Competências essenciais” que o Ministro Nuno Crato tem considerado repetidamente “inútil, mal organizado, palavroso e repleto de orientações pedagógicas que são caducas” apreciação com a qual em parte concordo. O Programa que deveria, à semelhança do de Matemática ter entrado em vigor no ano que passou, foi adiado porque a anterior equipa do ME entendeu por bem definir o que designou por Metas de Aprendizagem”, às quais o novo programa se adaptaria.
Para as seis áreas do 1º ciclo foram definidas 225 metas de aprendizagem assim distribuídas, Língua Portuguesa - 117; Estudo do Meio - 32; Expressão e Educação Físico-motora - 3; Matemática - 37; Expressões Artísticas - 32 e Tecnologias de Informação e Comunicação - 4, o que dá o total, como disse, de 225 metas de aprendizagem. Por curiosidade, para o 2º ciclo foram definidas, considerando o Inglês e mais uma Língua Estrangeira, 207 metas de aprendizagem. A este quadro acresce o estabelecimento, que também se encontra definido, de metas intermédias, no caso do 1º ciclo temos até ao 2º ano e até ao 4º ano, uma enormidade de metas.
É evidente a necessidade da reformulação curricular. Não sou especialista em questões curriculares mas existe gente competente e de bom senso capaz de elaborar em tempo útil um currículo ajustado, actualizado e que vá ao encontro das aprendizagens e definindo de fora ágil e clara as competências essenciais para cada ano e ciclo de escolaridade.
Parece-me que também nesta matéria, conteúdos curriculares, seria bom não esquecer João dos Santos, desliguem o “complicómetro”, e lembrem-se que apesar de mais difíceis de conseguir, as coisas simples são as mais eficazes. Basta atentar na carga burocrática a que as escolas e os professores estão sujeitos e bem se percebe a necessidade de se simplificar.
2 comentários:
Ahahaahah, se soubesse quem é que trabalha nisso nunca teria sequer pensado em dizer "desliguem o “complicómetro”. Be afraid, be very afraid :D.
Devo confessar que não estou particularmente optimista. Como refere o Prof. Biesta, seu vizinho de Stirling, estamos num tempo em que "education" foi substituído por "learnification".
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